Veja quais tecnologias e inovações vão responder aos drivers que ditam os rumos da organizações em 2022
Ao longo de 2020 e de 2021 o mundo corporativo chegou a algumas convicções. A primeira é a de que o futuro vai pertencer às empresas que colocam a tecnologia e inovação no centro do negócio. Não há mais separação entre estratégia de negócio e de tecnologia. Elas estão coladas.
A segunda convicção é a de que mudanças radicais não são impossíveis. Se, num primeiro momento, a mudança teve foco na sobrevivência, em 2022 a mudança virá como método para impulsionar o crescimento.
A terceira convicção é a de que não dá para pensar em mudança no longo prazo. Tecnologia e inovação são para agora. Isso significa que as iniciativas precisam ter resultado imediato, no curtíssimo prazo. Para isso, elas precisam estar mais ligadas à rotina corporativa, não apenas ao futuro. Não dá para planejar a inovação apenas no longo prazo.
Como o futurologista Peter Diamandis diz, o futuro é mais rápido do que nós pensamos. Para ele, nos próximos 10 anos todos os setores serão reinventados, e essa década representará mais progresso do que os últimos 100 anos. Tudo isso baseado no fundamento da computação.
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Mas como essas convicções estão se transformando em projetos e ações concretas dentro das empresas? Que tecnologias importam mais e estarão no horizonte dos líderes que querem mudar e querem fazê-lo rapidamente?
É o que veremos neste artigo, que faz um apanhado das previsões para 2022 no mundo inteiro e, em particular, no Brasil.
Os drivers dos investimentos em tecnologia e inovação
Em 2020 observamos a adoção rápida de tecnologias em função dos impactos da pandemia. Novas atividades online entraram no rol dos consumidores – até mesmo dos que se consideravam resistentes a elas –, em segmentos como compras, trabalho, finanças e saúde. Ao mesmo tempo, as empresas buscaram conexões diretas com o público, por meio de uma abordagem omnichannel.
Desde então, já se sabia que, para os anos seguintes, as experiências digitais se manteriam em alta, mesmo diante de um retorno ao mundo físico, no trabalho, no consumo e nas interações.
Para 2022, a expectativa em relação às experiência digitais será mais alta do que nunca, além de universal. Nesse sentido, a pandemia continua a impactar 2022. Buscar um fluxo seamless, que responda a essa exigência, ao mesmo tempo conectando-o ao mundo físico, será o desafio.
Mas esse não é o único. Os últimos dois anos também reforçaram que o aumento do volume de dispositivos conectados em redes e de informação transitando entre eles foi acompanhado por um aumento no volume e na sofisticação das ameaças cibernéticas. Elas atingiram patamares inéditos para as empresas.
Para conciliar avanço rápido com segurança vem a necessidade, por um lado, de maior poder computacional e velocidade de conexão, por exemplo. Por outro, vêm necessidades como transparência, governança e accountability. Nesse sentido, para consultorias como a Forrester, em 2022 o novo normal será mais novo do que normal.
Da parte das empresas, isso se traduz na continuidade da transformação digital, mas de um movimento mais estratégico. De que tecnologias estamos falando?
5 tecnologia e inovações para acompanhar
1. Infraestrutura inteligente
Países pioneiros em 5G estão experimentando impactos diretamente sobre a evolução de promessas como as tecnologias edge computing e IoT. A ampliação da conectividade está diretamente relacionada a possibilidades de digitalização na indústria e na saúde, por exemplo, que requerem disponibilidade e capacidade de rede, bem como velocidade e baixa latência.
Suas implicações vão desde a criação de novos serviços e modelos de negócio até a oferta de uma experiência personalizada para clientes, mas também para os profissionais.
Para meados de 2022, o Brasil espera ter todas as capitais com 5G disponível. A ampliação da cobertura será um desafio comum para todos os países, mas com contornos mais dramáticos para um país de extensão continental e tantas diferentes densidades populacionais como o Brasil. Para a cobertura ser boa, a quantidade de antenas é bem maior que a do 4G.
Com isso, a ampliação da cobertura deve ser lenta. Segundo estimativas, enquanto no fim de 2021 cerca de 25% da população mundial já tinha acesso ao 5G em algum nível, em 2025 essa porcentagem saltará para 50% da população. Esse volume, no entanto, estará concentrado em países desenvolvidos e nos centros urbanos.
2. Cloud-native
Computação cloud-native continua uma opção tecnológica em expansão, sobretudo em nível de adesão. Com isso, a tecnologia deixará o patamar de nice-to-have para ser o core da estratégia cloud das organizações.
Segundo a Forrester, a adesão ao cloud-native aumentou entre 2020 e 2021: o uso de contêineres, por exemplo, foi de 33% para 42% e o de computação serverless foi de 26% para 32% nas organizações. Segundo a consultoria, a previsão é de que aplicações cloud-native cheguem em 2022 a 50% do ecossistema tecnológico das organizações, ao menos das grandes. Para a consultoria, elas deverão refatorar sua estratégia cloud para esse fim, e não simplesmente adaptá-la.
Agora, segundo o Gartner, enquanto em 2021 menos de 40% das iniciativas digitais eram cloud-native, 95% serão, em 2025. O objetivo é dar robustez a aplicações em big data, IA e internet das coisas, que exigem performance e resiliência.
3. Low-code
Há tempos se fala de uma TI que extrapola os limites de um setor para chegar às áreas de negócio, mas pouco se fala do caminho inverso, isto é, da ida das áreas de negócio à TI. E as organizações precisam, mais do que nunca, desse trânsito. Como a Accenture bem coloca, todo líder é um líder de tecnologia. O low-code tem sido visto como uma maneira de fazer isso.
Com o avanço da popularidade das plataformas low-code e de modelos de programação, a TI e, principalmente, áreas de negócio se empoderam. As ferramentas democratizam o desenvolvimento, fazendo com que ele não dependa mais necessariamente de profundo conhecimento de programação.
De quebra, as ferramentas low-code resolvem outro problema do setor de tecnologia: a escassez de profissionais disponíveis e de competências digitais, que têm sido uma barreira para desdobramentos em tecnologia e inovação.
De acordo com pesquisa da TechRepublic Premium, 47% das organizações entrevistadas já usam alguma plataforma low-code. Entre os 35% que disseram ainda não usar, um de cada cinco afirmou que pretende adotar uma ferramenta nos próximos 12 meses. Para 2022, portanto, veremos aumentar o volume de empresas implementando aplicações sem ter um servidor dentro de casa e sem conhecer uma linha sequer de código.
4. Inteligência artificial
Desde 2019 que a adoção de IA ganhou ritmo no mundo corporativo para não parar mais. A tecnologia continuará essencial em 2022. Gartner menciona, suas tendências para 2022, a IA generativa como a mais poderosa solução que virá ao mercado. Em 2021 também foi patenteada a primeira invenção de uma IA.
Apesar do otimismo, o esforço das empresas ainda será fazer suas iniciativas em IA trabalharem efetivamente para produzir resultados, escalá-las e eliminar bias.
Para os dois primeiros casos, as organizações vão precisar enfrentar os desafios técnicos de seus projetos com IA, mas também fazer as mudanças no nível organizacional requeridas.
Para a eliminação de vieses, estratégias para buscar a transparência e explicabilidade de modelos, como o bias bounty, vão ganhar força com a adesão de grandes players do setor tecnológico e não tecnológico, entre os quais saúde e financeiro. Além disso, governança e qualidade de dados devem crescer.
5. Zero-trust security
Com a ampla adoção de cloud, APIs e dispositivos mobile, junto com trabalho remoto, as organizações já não podem mais considerar que têm um perímetro de segurança. Com cada vez mais dispositivos conectados e informação transitando por aplicações, seus dados estão distribuídos. Com isso, os programas de segurança deverão assumir fortemente uma abordagem zero-trust.
De acordo com o Zero Trust Adoption Microsoft Report 2021, a abordagem é o futuro da segurança. O primeiro achado é que os adotantes iniciais estão colhendo os benefícios da abordagem, tendo mais resiliência, capacidade de resposta e proteção do que os que adotam modelos de segurança tradicionais baseados em perímetro.
O segundo achado da pesquisa é que a abordagem se tornou a top prioridade em segurança:
- 96% dos decisores em questão de segurança afirmaram que a zero-trust é crítica para o sucesso da organização;
- 73% esperam que o orçamento para a abordagem aumente;
- 90% já têm familiaridade com a abordagem; e
- 76% estão em processo de implementação – um aumento de 6% em relação a 2020.
Veja também: Quais as tendências em segurança no desenvolvimento de aplicações?
Tecnologias e inovação: você vai acompanhar ou implementar?
Tecnologia no centro, mudança como constante e agilidade: essas são as convicções que movem o mundo corporativo para 2022. Por trás delas estão drivers reforçados e criados pela inúmeras disrupções dos últimos dois anos, centralizados em dois movimentos: a experiência digital universal e as ampliação das ameaças.
Vimos as cinco grandes tecnologias e inovações em que se traduzem tais movimentos de maneira mais direta, mas não inesgotável.
A sua empresa está em que posição nesse movimento: puxando a transformação ou observando ou outros passar?