Veja como a tecnologia da informação tem sido determinante para aumentar a produtividade agrícola
Até 2050, a população aumentará 30%, ou seja, seremos quase 10 bilhões. No mesmo período, a produção agrícola deverá aumentar 70%, de acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura - FAU.
Quem duvida ainda que estaremos entre os poucos e maiores produtores e fornecedores de alimentos?
Mas quem pensa que para dar conta da demanda basta expandir as áreas de agricultura e pecuária, se engana. Afinal, não há tanto espaço e recursos assim. Estamos falando de um setor que já utiliza quase 40% de toda a superfície terrestre e 75% de toda a água do planeta. Segundo estimativas, o espaço para crescer é de 5%, com o Brasil entre os que podem ainda se dar a esse luxo.
Outra preocupação é a sustentabilidade. Se há algum tempo o desenvolvimento se dava às expensas da natureza, dos povos que a habitam e dos produtores que a lavram, agora busca-se mudar o modus operandi, fazendo convergir desenvolvimento agrário, social e ambiental.
Qual é a resposta para essa equação? Os especialistas são unânimes: precisamos aumentar a produtividade agrícola, produzir mais, com mais qualidade e menos espaço. E todos confirmam: apesar da evolução expressiva nas últimas décadas, que aumentou nossa produtividade agrícola em 4,5 vezes, ainda podemos avançar.
A tecnologia da informação é um dos grandes filões desse avanço. Neste post, você verá como a TI tem sido aplicada para aumentar a produtividade agrícola.
Gestão digital da lavoura
Segundo a ONU-FAO, as maiores causas de perdas de alimentos são cultivo no momento inadequado, más condições climáticas e não uso de boas práticas de plantio e de manejo.
Para muitos especialistas, só quem dominar as tecnologias agrícolas e a digitalização da produção - ou o que alguns chamam de AgTech, smart farming, agricultura digital ou de precisão - será capaz de minimizar essas perdas ao máximo.
Esse novo modelo de agricultura vale-se de uma rede de sensores com internet das coisas para fazer o monitoramento ininterrupto das lavouras, a coleta de informações sobre o solo, plantas, temperatura, umidade e tratamento de culturas, algoritmos para analisá-los e gerar inteligência em tempo real para o produtor. Estamos falando, em um produto só, de visão computacional, machine learning e análise de dados.
Tudo isso, com vistas a auxiliar a tomada de decisão, gerando um gerenciamento preciso, uso racional de insumos e mais eficiência agrícola.
Uso inteligente de defensivos
Além do título de potência agrícola, temos também a menos honrosa posição de liderança entre os países que mais usam defensivos agrícolas, que prejudicam produtos, produtores e a natureza.
Por outro lado, nós sabemos o quanto a produtividade agrícola está associada ao manejo deles.
Hoje, por meio de um escaneamento da lavoura, já é possível localizar com agilidade áreas infectadas e tratá-las de maneira precisa com drones, sem a exposição de produtores e de toda a cultura, e ainda reduzindo custos com insumos e impactos ambientais.
Segundo dados da ARPAC, empresa que oferece esse serviço, as aplicações chegam a se restringir a 15% e 20% da área plantada, o que gera uma economia de 55% em relação a aplicação de defensivos em avião. Dos drones, chegamos a um outro ponto: mecanização e robotização.
Mecanização e robotização
A mecanização é um fator ligado à produtividade agrícola. Desde os anos 1970, de acordo com o Censo Agropecuário do IBGE, assistimos a um aumento no uso de tratores, por exemplo.
Com isso, o próprio maquinário vem sendo otimizado em busca do aumento da produtividade agrícola.
Há tratores especializados em preparar o solo, abrir os sulcos na terra, semear etc. Tratores inteligentes e não tripulados são capazes de analisar e modificar seu comportamento em função de fatores como leitura do solo, da umidade e de outros aspectos.
Pelo celular, o produtor acompanha o trabalho em tempo real, entendendo a situação atual da sua cultura.
Produtividade agrícola: começando pelo básico
O mercado agrícola brasileiro e mundial está ávido por melhorias em produtividade, porque sabe o quanto isso será determinante para o setor.
O resultado dessa visão, no Brasil, são 1.125 startups em 2019, atuando antes, dentro e depois da fazenda, a maioria jovens, com inúmeras soluções em tecnologia da informação voltadas à agricultura.
Em termos de investimento, de acordo com o Radar AgTech, estamos falando em um aporte da ordem de R$ 1,3 bilhão, o que ainda é pouco se comparado a outras categorias de startups e ao impacto do setor para o PIB brasileiro.
No entanto, cabe lembrar que as regiões rurais ainda carecem de infraestrutura básica para o funcionamento dessas tecnologias, como a internet. De acordo com o Censo Agropecuário, feito pelo IBGE, 72% dos estabelecimentos rurais do país não tem conexão à internet.
Sanadas questões básicas, como internet, tudo isso indica que estaremos preparados para dar um salto ainda maior em produtividade agrícola, que vai não apenas atender às necessidades da população, mas unir desenvolvimento, meio ambiente e sociedade.
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