Os desafios, suas principais causas, tecnologias e soluções que apoiam na resolução dos problemas nesse cenário
O problema do efeito chicote na logística é bastante evidente e continua sendo uma pauta comum dentro da cadeia de suprimentos. Apesar de tradicional, a pandemia do coronavírus intensificou seus impactos, e se antes os decisores lidavam com ele de forma dificultosa, agora, mais do que nunca, o efeito chicote merece atenção.
O principal ponto que a pandemia colocou em destaque foi a mudança abrupta no modelo de compra dos consumidores. As pessoas estão em casa, comprando online, se entretendo com coisas diferentes e mudando seu estilo de vida para se adaptarem ao contexto do isolamento social.
De acordo com o relatório da Mastercard SpendingPulse, o setor de compras online cresceu 75% em meio a pandemia. O estudo mostra que os setores com maior destaque e crescimento — em comparação com o mesmo período em 2019 — foram hobby & livrarias (+110%) e o de drogaria (+88,7%).
O desequilíbrio entre oferta e demanda, sentido pela indústria em 2020, permaneceu em 2021. O mercado de bens de consumo foi um dos que mais cresceu durante a pandemia e, mesmo após 1 ano da doença, o consumo intenso continua.
Diante desse cenário, muitos varejistas pensam 2x antes de aumentar seu estoque com receio que a demanda não cubra os gastos, principalmente com insumos que continuam com os preços elevados.
Segmentos como eletrônico, moda e alimentos enfrentam períodos de instabilidade na produção, ou seja, momentos de altos e baixos na cadeia, que acabam afetando todo o planejamento do comércio.
Com isso, algumas perguntas vêm à tona: quais as causas do efeito chicote e suas consequências sobre toda a cadeia de suprimentos? E, se a demanda logística aumentou, como a tecnologia pode ajudar as organizações a solucioná-las?
Todas elas você verá respondidas neste artigo. Acompanhe.
Quais são as principais causas do efeito chicote?
O efeito chicote acontece quando existe a falta de entendimento claro sobre a demanda entre os envolvidos da cadeia de abastecimento. As distorções de informações de variadas naturezas acarretam excesso ou escassez de estoque, que produz efeitos sobre toda a cadeia.
Listamos abaixo as principais causas para isso ocorrer:
1. Processamento da previsão de demanda
Essa estimativa é fator-chave para a definição da estratégia de estocagem. Geralmente, as previsões de demanda são realizadas a partir do histórico de compra de clientes ou por meio da captação de sinais do mercado. No entanto, as duas alternativas têm alto índice de variabilidade, uma vez que cada componente da cadeia tende a utilizar métodos diferentes de captação dessas informações.
A precisão de dados advinda das fontes de consumo seria a alternativa mais segura para reduzir as falhas no momento de prever as demandas, porém, para garantir algum nível de sucesso, todos os indivíduos da cadeia de suprimentos necessitam utilizar o mesmo método de coleta de informações, ou apenas um deles passar a mesma previsão para o restante. Entrando aqui a necessidade de uso de softwares de gestão e compartilhamento de dados.
2. Jogo da escassez
Se uma organização entende que haverá escassez de um determinado produto ou matéria-prima, ela tende a aumentar o volume do pedido na tentativa de garantir uma fatia da disponibilidade do fabricante. Caso não exista, de fato, essa escassez, a empresa terá seu estoque acima do limite e não terá novos pedidos. É importante que os fabricantes se protejam desse jogo para não passar a falsa impressão de escassez para os seus clientes. Nesse caso, o compartilhamento de informações sobre níveis de estocagem e produção são imprescindíveis.
3. Volume do pedido
O volume de pedido está diretamente ligado a seus custos de processamento. Geralmente os clientes são forçados a comprar um grande volume de mercadorias para angariar mais descontos do setor de vendas do fabricante e reduzir os custos de transporte. Mais uma vez, o estoque do distribuidor tende a ficar sobrecarregado. Desse modo, esse problema poderia ser resolvido por meio da compra de lotes menores e constantes, e baseado em dados e histórico de compra oferecidos por softwares de gestão atualizados e mais seguros.
4. Lead time elevado
O lead time elevado amplifica as flutuações inerentes ao longo da cadeia. Isso porque qualquer variabilidade na demanda implicará mudanças no estoque de segurança, no nível de reabastecimento e, consequentemente, no volume de pedidos. Com um lead time otimizado, a estratégia para lidar com a variabilidade se torna mais rápida, evitando prejuízos maiores.
Falta de comunicação eficiente, compartilhamento de dados seguros, visão deturpada da demanda real e falta de políticas de vendas e estoque mais flexíveis são as principais causas do efeito chicote. E quais são as consequências disso? É o que iremos explorar a seguir.
Consequências do efeito chicote na logística
O efeito chicote produz o desalinhamento completo da visão da escala produtiva e deixa consequências que permeiam toda a cadeia produtiva, desde o processamento do pedido até o atendimento ao cliente. Na prática, as empresas apresentam excesso de estoque ou escassez de produtos - e os dois cenários são problemáticos.
No primeiro caso, corre-se o risco da mercadoria ficar parada e se tornar obsoleta, prejudicando a visão do volume de produção por parte dos fabricantes e o caixa por parte dos distribuidores.
No segundo caso, o atendimento ao cliente perde sua qualidade, pois faltará produtos ou o prazo de entrega será maior em consequência do tempo de reposição.
Para além de financeiros, os prejuízos envolvem imagem, confiabilidade e percepção de valor da empresa diante do mercado.
Soluções de TI para o efeito chicote
A transformação digital da logística nas indústrias emerge como uma solução que pode mitigar as decorrências do efeito chicote, trazendo mais visibilidade, comunicação, clareza de dados, colaboração e previsibilidade. A seguir, apresentamos algumas opções tecnológicas para isso:
1. Plataformas baseadas em cloud
A cloud computing é um modelo para acesso conveniente e sob demanda a recursos computacionais. Ou seja, permite visualizar dados em tempo real de diversos dispositivos e softwares. O acesso aos arquivos é feito remotamente, pela internet, em detrimento de unidades físicas, facilitando o compartilhamento de informações entre diversos setores da empresa.
Além de controle, adotar sistemas em cloud é garantir a possibilidade de atualizações e escala mais rápidas e de recursos para o uso de tecnologias mais avançadas, como analytics e blockchain.
Inclusive, a cloud foi listada pela Gartner como uma das 10 principais tendências tecnológicas que impactarão no setor de operações.
2. Modelos em IA para previsão de demanda
Vimos que a previsibilidade está diretamente relacionada aos efeitos chicote. Modelos de inteligência artificial podem ajudar a identificar nos dados informações além dos parâmetros atuais para sua tomada de decisão em relação à demanda.
Além de subsidiar a tomada de decisão dos gestores quanto a estoques, a tecnologia pode facilitar a automatização de comunicados, reduzindo as perdas por vencimento de validade.
Outro ponto a ser destacado é a possibilidade da utilização da IA para a realização de tarefas repetitivas que não dependam de competências humanas para serem executadas. E, assim, deixar que os profissionais foquem em melhorias ou outras questões estratégicas.
3. Analytics para gestão de inventário
A maioria das empresas não possui capacidade de realizar uma análise completa dos inventários por contar com uma quantidade vultosa de informações. O Data analytics entra para acelerar o trabalho de filtragem dessas informações e para traduzi-las em informações mais simples e eficazes.
A ferramenta pode prover gestores com dados quantitativos e estatísticos para que entendam o que aconteceu e por que aconteceu determinada situação. Os inventários se tornam aliados precisos e seguros para a tomada de decisão.
4. IoT e big data para compartilhar informação efetivamente em toda a cadeia produtiva
Essas tecnologias aliadas proporcionam uma visão integrada de toda a cadeia produtiva, desde sistemas administrativos, máquinas operacionais, até o estoque do cliente. Por meio da conectividade de diversos dispositivos, os gestores do setor logístico terão uma visão macro dos processos e reduzirão falhas de comunicação no caminho por meio de dados organizados e concisos.
5. Blockchain
O blockchain permitiu que as criptomoedas fossem criadas e rapidamente suas funcionalidades foram aplicadas em outros segmentos. A descentralização e a agilidade na troca de informações permeiam o conceito de blockchain.
Para a logística, especialmente no setor de transporte de mercadorias, pode ser a solução para um processo mais ágil, porque a transação de um ativo online é realizada entre dois ou mais agentes, sem a intervenção de um órgão regulamentador. Mas isso não significa que o processo seja menos seguro, pois as trocas de informações são criptografadas.
Para aplicar o blockchain é necessário que as equipes sejam especializadas, pois ainda é uma tecnologia que está sendo estudada, além do mais, nem todos os sistemas são compatíveis.
Da solução para o efeito chicote para a criação de um ecossistema digital
As soluções citadas anteriormente não só auxiliarão as organizações a atenuar o efeito chicote, mas também permitirão que um ecossistema digital seja criado. No entanto, para alcançar o sucesso das aplicações tecnológicas na organização, uma cultura digital deve ser muito bem trabalhada entre as equipes.
Os gestores e líderes primeiramente devem compreender as necessidades específicas e a realidade do segmento para criar estratégias abrangentes, contando com o apoio de empresas especializadas que possam oferecer soluções estratégicas para solucionar tais impactos destes desafios.
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