Gestão

Inteligência artificial no Brasil: o país está pronto?

22 de Outubro de 2020

por Marketing

Tempo de leitura: 10 min

Voltar

Inteligência artificial no Brasil ainda é incipiente, mas futuro é promissor

Sem tempo para ler este artigo? Aperte o play e escute!

O potencial da inteligência artificial no Brasil é tão amplo e inegável que explorá-lo em iniciativas, tanto em órgãos públicos quanto em organizações privadas, gerará benefícios para a economia e para a sociedade

É o que simulações feitas pela consultoria DuckerFrontier confirmam. A adoção da inteligência artificial no Brasil pode aumentar a taxa composta anual de crescimento - CAGR do PIB em 7,1% ao ano até 2030, o que representará uma expansão de quatro vezes em produtividade.

Só que para isso acontecer, não basta vontade, deve haver preparo. Os requisitos são vários: ter uma visão e um projeto em inteligência artificial nacional, um setor de tecnologia robusto e capaz de inovar, capital humano e ferramentas, alta qualidade de dados e de infraestrutura, programas de governança e ética etc. 

No entanto, para o primeiro desses requisitos já temos a Estratégia Brasileira de Inteligência Artificial (Ebia), instituída pela portaria GM Nª 4.617, em 6 de abril de 2021. E nos demais pontos, como estamos?

É o que responderemos neste artigo. Você verá o que podemos dizer sobre o estado da IA no Brasil, quão prontos estamos e como nos posicionamos a nível nacional.

Para isso, utilizaremos dois grandes estudos.

O primeiro é o 2020 Government AI Readiness Index, realizado pela Universidade de Oxford e o Internatcional Development Research Centre (IDRC), que analisou 33 indicadores sobre preparo para uso da IA em países de todo o mundo. Além de mostrar qual o potencial para implementação da IA no Brasil, ele revela gaps e forças nacionais. Vamos utilizá-lo para entender o posicionamento governamental do Brasil em relação à IA.

Para entender o cenário dentro dos grandes players, utilizaremos o estudo Inteligência Artificial na Grandes Organizações Latino-americanas, realizado pelo MIT Technology Review e a everis, que abrange América do Sul e Central, desenhando um quadro regional bem preciso.  

Saiba mais: 6 desafios mais comuns em projetos de IA

webinar data science do zero

Inteligência artificial no Brasil: onde estamos no âmbito público?

O Brasil – assim como toda a América Latina, África e Ásia Central – figura bem abaixo do topo do índice de preparo para IA da Oxford, na 63ª posição mundial. Já, se olharmos só para a América Latina, ocupamos o 6º lugar.

Na liderança mundial estão os EUA e países europeus. Já na liderança latino-americana está o Uruguai (42ª posição mundial), seguido por Chile, Colômbia, Argentina, México e, então, Brasil.

Sem surpreender ninguém, o primeiro ponto a observar é a desigualdade persistente entre Norte e Sul, ou ocidente e não-ocidente. Essa desigualdade em preparo se mostra como desequilíbrio na implementação da inteligência artificial no Brasil, o que na prática significa serviços de pior qualidade para a sociedade no futuro.

O segundo ponto é que, comparado ao primeiro lugar da América Latina (Uruguai), algumas diferenças saltam aos olhos. Enquanto no Uruguai já existe uma política governamental para apoiar o desenvolvimento em IA, uma boa infraestrutura de TI e uma estratégia nacional de desenvolvimento. Já no Brasil, as diretrizes sobre as ambições nacionais em relação à IA saíram a pouco mais de dois meses e ainda não mostraram todos os seus efeitos.

Veja no quadro comparativo.

inteligência artificial do Brasil - quadro brasileiro
Estado da inteligência artificial no Brasil / Fonte: 2020 Government AI Readiness Index
inteligência artificial no brasil - comparação com Uruguai
Estado da inteligência artificial no Uruguai / Fonte: 2020 Government AI Readiness Index

Leia também: Qualidade dos dados em projetos em IA

Inteligência artificial no Brasil: qual o estado nas organizações?

O MIT Tech Review espanhol e a everis fizeram uma pesquisa em seis países da América Latina, a fim de entender o estado da inteligência artificial nas grandes empresas da região.

Embora sem a participação do Uruguai – líder em preparo para inteligência artificial da nossa região –, figuram no levantamento, além do próprio Brasil, o Chile, a Colômbia, a Argentina e o México, que ocupam as seis primeiras posições da nossa região no ranking da Oxford. Segundo a pesquisa:

A adoção da IA pela maioria das grandes empresas da América Latina ainda é incipiente, assim como o conhecimento sobre suas oportunidades e possibilidades, que essa tecnologia fornece para as grandes empresas, ainda é limitado”.

Alto nível de maturidade em IA apenas nas empresas que têm a tecnologia em seu core business, como setor financeiro e telecom, em que se nota, por sinal, uma distância cada vez maior em relação aos retardatários.

Entre as dificuldades, muitos problemas que estão também no nível governamental, como:

  • falta de estratégia clara em IA: as grandes organizações carecem de visão e de conhecimento no nível diretivo, cultura organizacional e liderança;
  • falta de talento especializado e de habilidades: falta infraestrutura para uso de IA, políticas de ética e governança e disponibilidade dos dados;
  • baixo investimento: 55% das grandes empresas investem apenas de 1% a 10% em IA e 31% não investem nada.

A conclusão é de uma dependência da América Latina como um todo e, em particular, do Brasil dos principais países-líderes e de suas tecnologias, cuja solução passa pela resolução dos desafios que atravessam no âmbito nacional.

Leia mais: Sua organização está preparada para o data science?

O que o Brasil está fazendo em IA

Ao observamos o quadro da Oxford e do MIT & everis acima, vemos que, apesar do estado atual do desenvolvimento da inteligência artificial no Brasil, temos potencial em termos científicos e em inovação, além de uma população extremamente conectada e cada vez mais interessada nas carreiras em IA. Segundo o Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC), houve um aumento de 25% no interesse em mestrados em IA.

Outra força brasileira é a capacidade de inovação de nosso setor tecnológico. De acordo com a CB Insights, o Brasil conta com 12 empresas unicórnios em 2021, com força particular no setor financeiro e e-commerce, que têm explorado a inteligência artificial em suas iniciativas comerciais.

Confira o case: Como a Posthaus aumentou suas vendas com o sistema de recomendação

Porém, dado o ainda parco investimento nessa tecnologia, o país ainda sofre com a fuga de cérebros e com iniciativas isoladas. São desafios como esse que a Ebia veio para resolver.

Veja: Quais os principais riscos da inteligência artificial?

A Ebia: o Vale do Silício tupiniquim?

Visando orientar as políticas públicas para o desenvolvimento da inteligência artificial no Brasil, a Ebia, em seu documento de referência, elencou os objetivos que levam em consideração todo o ecossistema tecnológico. Entre eles, podemos destacar:

  • Contribuir para a elaboração de princípios éticos para o desenvolvimento e uso de IA responsáveis. 
  • Remover barreiras à inovação em IA. 
  • Promover ambiente de cooperação entre os entes públicos e privados, a indústria e os centros de pesquisas para o desenvolvimento da Inteligência Artificial.

Afinal, de acordo com a Ebia, a inovação desta área é compreendida como uma peça chave para o desenvolvimento econômico do país.

Nesse sentido, podemos elencar algumas iniciativas governamentais relevantes para alcançar os objetivos da estratégia:

  • A Estratégia Brasileira para a Transformação Digital (e-Digital), que busca apoiar a digitalização dos processos produtivos e a capacitação para o ambiente digital, promovendo a geração de valor e o crescimento econômico. 
  • O Programa de Inovação Educação Conectada, que visa apoiar a universalização do acesso à internet de alta velocidade e fomenta o uso pedagógico de tecnologias digitais na Educação Básica. 
  • O Programa Start-Up Brasil, que tem como objetivo apoiar startups brasileiras e internacionais que desenvolvam software, hardware, serviços de TI ou que se utilizem dessas tecnologias para inovar, contribuindo assim para o desenvolvimento econômico sustentável do país e o aumento da competitividade brasileira nesse setor. 

Além disso, a evolução de legislações em torno desse tema é outro ponto a ser destacado, como a Lei nº 13.709/2018, que institui a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), o decreto nº 8.771/2016, que institui a Política de Dados Abertos do Poder Executivo Federal e a Portaria nº 46/2016, que dispõe sobre o Software Público Brasileiro.

Contudo, o documento traz desafios que ainda precisam ser superados. Um deles é a corrida dos países pela liderança em IA e as parcerias internacionais. Neste sentido, o documento reforça que cabe ao Brasil adotar uma postura proativa para assegurar a sua  participação em interações com outros países.

Afinal, como a pesquisa da everis & MIT mostra, o ritmo de melhoria proporcionado pela inteligência artificial é cada vez mais acelerado, o que implica que a diferença entre quem avança e quem não avança aumenta no mesmo passo.

Assim, as dificuldades em inteligência artificial no Brasil, se não atendidas agora, vão impactar em nossa capacidade futura de nos posicionarmos na área.

Por isso, de acordo com a pesquisa da Oxford, para países em que o uso da IA ainda está na sua infância - como o nosso -, compreender a necessidade de se preparar para iniciativas em IA é fundamental. Construir habilidades para melhorar nosso preparo para a IA será uma base essencial sobre a qual a implementação poderá ser realidade.

Até porque estar preparado para a inteligência artificial, embora seja muito, não significa implementá-la concretamente. 

Outro fato levantado pela pesquisa é o de que muitos dos países que figuram nas primeiras posições do ranking estão preparados para gerar ações concretas em IA, mas ainda não fazem isso na prática.

Confira ainda: Carreiras em data science: tudo o que você precisa para saber contratar.

Inteligência artificial no Brasil: onde queremos estar

Vimos, na pesquisa da Oxford, que a inteligência artificial no Brasil é ainda incipiente. Não perdemos apenas para os líderes óbvios, mas para nossos vizinhos e até para economias consideradas menores no cenário mundial. Também vimos que temos questões que precisam ser observadas imediatamente, sob pena de colocar o país em uma posição em relação a IA praticamente irrecuperável no futuro, dadas as características da tecnologia.

Apesar disso, também vimos, no documento referência da EBIA, nosso potencial em inovação e em capital humano. Isso sem citar o grande interesse que há no tema de inteligência artificial no Brasil, tanto dentro do setor público quanto na iniciativa privada.

Saiba mais: 6 motivos para investir em data science agora?

Olhar para quem está na ponta, mas também para nossos vizinhos, em buscas de aprendizado mútuo, não é mais facultativo para o Brasil, mas uma obrigação.

Dentro do cenário nacional de inteligência artificial, qual a posição da sua organização?

Conte para nós e aproveite para entender como podemos ajudar a sua organização em sua jornada para a IA.


Escrito por Marketing

Outras Postagens

Crie soluções personalizadas e integradaspara todas as áreas da sua empresa

Quero Saber mais

Fique Atualizado Assine nossa Newsletter

Oportunidades Participe dos melhores projetos!

Se você está em busca de um ambiente descontraído, cheio de oportunidades de crescimento e em constante evolução, confira as oportunidades!

Saiba Mais