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Lean UX: conceito, princípios e prática

11 de Outubro de 2021

por Marketing

Tempo de leitura: 8 min.

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Conheça mais sobre o Lean UX, a metodologia para processos de design que prioriza a agilidade com foco na experiência do usuário

O desenvolvimento de software é um processo criativo que para ser bem-sucedido envolve uma série de questões práticas, que vão desde a escolha dos profissionais que estarão envolvidos no projeto até o uso da estratégia certa. No entanto, ao decidir criar uma aplicação, um dos principais fatores que deve ser levado em consideração pela organização é o alinhamento da metodologia, pois a escolha do método de operação equivocado pode afundar o projeto mesmo antes dele acontecer.

Usadas para alavancar o desenvolvimento de softwares, metodologias ágeis e práticas DevOps são bastante vantajosas para as empresas, por reduzirem o ciclo de desenvolvimento do produto, obtendo benefícios tanto em termos de entrega mais rápida quanto de usabilidade. 

Nessa mesma linha de desenvolvimento ágil, surgiu o lean UX, método criado em 2013 por Jeff Gothelf, que propõe times de design, desenvolvimento e programação trabalhando juntos, a fim de oferecer mais eficiência aos processos de criação e rapidez nos ajustes e validação no mercado, melhorando o tempo de entrega e, principalmente, a experiência do usuário final.

Baseado no método Lean Startup, de Eric Ries, que envolve a eliminação de desperdícios nos processos de trabalho de startups de tecnologia, o lean UX foi citado pela primeira vez pelo seu criador no livro Lean UX: Applying Lean Principles to Improve User Experience, que propõe construir as etapas e fases do processo, mostrado como a metodologia funciona na prática.

Por ser completamente aplicável no ambiente corporativo atual de desenvolvimento de softwares e ser uma tendência crescente no mercado de TI, neste artigo, vamos abordar o que é o lean UX, quais os fundamentos e princípios desta metodologia e como aplicá-la na sua organização.

O que é lean UX?

De acordo com a obra de Gothelf, o desenvolvimento de softwares não comporta mais abordagens tradicionais. Para ele, o lean UX é a evolução do design de produto que permite medir o que funciona, aprender e ajustar tudo durante o processo de desenvolvimento.

Trata-se de uma nova realidade de atuação dos designers, segundo o autor:

“Lean UX é profundamente colaborativo e multifuncional, pois não temos mais o luxo de trabalhar isolados do resto da equipe de produtos. Não podemos continuar pedindo às nossas equipes que esperem que descubramos tudo.”Ao conceituar o que é o lean UX, Gothelf explica que que o método é três coisas: uma mudança de processo para os designers, uma mentalidade que permite abordar o trabalho de novas maneiras e também uma maneira de pensar em gerenciar softwares.

superocast - lean thinking

Envolvendo processos, colaboração e gestão,  equipes guiadas pelos princípios do lean UX farão uma mudança na cultura da organização, que proporcionará um ambiente mais colaborativo e funcional.

Saiba mais: Lean thinking: um guia breve e completo

Quais os fundamentos do lean UX?

O livro Lean UX - Applying Lean Principles to Improve User Experience descreve que o lean UX tem como base três fundações. São elas:

1. Design thinking

O design thinking é importante para a metodologia porque assume a posição de que cada aspecto de um negócio pode ser abordado com métodos de design.

“O design thinking é uma base crítica que incentiva as equipes a colaborar entre as funções e considerar o design do produto de uma perspectiva holística. Dá aos designers permissão e precedentes para trabalhar além de seus limites típicos. Também incentiva os não nomeados a usar métodos de design para resolver os problemas que enfrentam em seus papéis”. 

2. Desenvolvimento de software agile

Os desenvolvedores de software usam métodos ágeis há anos para reduzir o tempo dos ciclos e oferecer valor ao cliente de forma contínua.

“Embora os métodos ágeis possam representar desafios de processo para os designers, os valores fundamentais do agile estão no coração do Lean UX”.

3. Método Lean Startup

Segundo Eric Ries, “os processos da Lean Startup reduzem o desperdício aumentando a frequência de contato com clientes reais, testando e evitando suposições incorretas de marketing o mais cedo possível”. 

Para Gothelf, o lean UX é uma aplicação direta dessa filosofia à prática do design de produtos.  

Veja: Design sprint: o método do Google passo a passo

Quais os princípios do lean UX?

Ao explorar a abordagem lean UX, a obra de Gothelf expõe 15 princípios que servem para manter a equipe focada na jornada de aprendizado influenciada pela metodologia. São eles:

1. Equipes multifuncionais

A criação de diversas equipes estimula a troca de conhecimentos, fundamental para mudar a lógica do desenvolvimento em cascata. No lean UX a conversa é bastante incentivada e a colaboração entre as equipes garante a eficiência do projeto a partir de um envolvimento e comprometimento contínuo do time, desde o início até sua finalização. 

2. Pequeno, dedicado, colocado

Manter as equipes pequenas, isto é, com menos de 10 pessoas no núcleo total facilita a comunicação, o foco e a colaboração. Além disso, equipes menores são mais fáceis de se manterem atualizadas sobre o projeto, mudanças e novos aprendizados. 

3. Progresso = resultados, não saída

No lean UX, os resultados do negócio são os progressos previamente definidos. Ao conseguir resultados (e os progressos feitos em direção a eles), é possível perceber a eficácia das funcionalidades que estão sendo construídas. Se um recurso não estiver alcançando o resultado esperado, ele pode ser substituído

4. Equipes focadas em problemas

Uma equipe focada em problemas é aquela focada em resolvê-los. Na prática, é uma extensão do foco em resultados. A ideia aqui é que a equipe identifique os problemas e saiba como superá-los, a partir de soluções personalizadas, que impulsionam um senso coletivo de orgulho e pertencimento de time. 

5. Remoção de resíduos

Um dos principais objetivos do lean é a eliminação de qualquer problema que não serve para o objetivo final. No lean UX esse princípio é seguido à risca, ou seja, todo desperdício deve ser removido o mais rápido possível, para que ele não seja um problema para a equipe, futuramente. Afinal, o time deve focar e trabalhar nos desafios certos.

6. Pequenos lotes

Também baseado em um fundamento do lean manufacturing, o uso de pequenos lotes no lean UX significa criar apenas o design necessário para a equipe avançar. O design em grande lote torna a equipe ineficiente. Ao esperar pelo trabalho do designer, o restante da equipe fica ociosa, o que é um desperdício e não maximiza o potencial de aprendizado.  

7. Descoberta contínua

Esse é, segundo Gothelf, o processo contínuo de engajamento do cliente durante o projeto e o seu desenvolvimento. O principal objetivo é entender o que os usuários estão fazendo com os produtos e de que maneira. Essa descoberta é realizada por meio de pesquisas, que devem ser feitas em dias e horários diferentes e envolve toda a equipe.

8. GOOB: a nova centralidade do usuário

Basicamente, esse princípio trata de colocar o usuário no centro do negócio. Afinal, o sucesso do produto não é uma decisão da equipe, e sim dos clientes. Por isso, quanto mais cedo o usuário participar do processo de desenvolvimento, mais cedo a equipe vai aprender e melhorar o que precisa ser melhorado, otimizando recursos como tempo e dinheiro.

9. Compreensão compartilhada

O entendimento compartilhado entre a equipe é um dos principais princípios do lean UX, uma vez que, quanto mais a equipe compreende coletivamente o que está sendo realizado no projeto, mais o trabalho será realizado de forma eficiente. O grande objetivo é trabalhar em conjunto para entender o processo, o produto e o cliente.

10. Antipadrão: rockstars, gurus e ninjas

O lean UX defende uma mentalidade baseada em equipes multifuncionais e não em especialistas que seguem padrões rígidos de abordagens específicas. Ao quebrar um padrão estabelecido é possível criar um ambiente de compartilhamento de ideias e conhecimentos bastante rico para o processo de desenvolvimento de softwares. 

11. Externalizar o trabalho

Externalizar as ideias para os colegas de trabalho permite que todos possam compreendê-las e coloca todos os envolvidos na mesma página. Criar um fluxo de informações contínuo inspira novas ideias que se constroem a partir de outras que já foram compartilhadas. 

12. Fazer em vez de só analisar

O lean UX acredita que há mais valor em criar uma primeira versão de uma ideia do que ficar apenas debatendo sobre ela. As respostas que a equipe precisa não serão respondidas com análises da equipe, e sim a partir da experiência dos clientes. Por isso, só debater é desperdício. É preciso fazer com que os usuários respondam as pesquisas.

13. Aprender antes de crescer

Experimentar ideias antes de escalá-las é como as equipes lean UX fazem para validar uma hipótese. Garantir que uma ideia esteja certa antes de dimensioná-la faz com que o risco inerente diminua e recursos sejam poupados. O lean UX estabelece como foco aprender primeiro e escalar depois.   

14. Permissão para falhar

Para encontrar a melhor solução para os problemas de negócios, as equipes de lean UX precisam experimentar. Ter permissão para falhar gera uma cultura da experimentação, que é bastante valorizada por essa metodologia. No lean UX acredita-se que as falhas frequentes levam ao aumento do domínio das habilidades

15. Sair do negócio de entregas

O lean UX reforça a ideia de que documentos não resolvem os problemas dos clientes. O que resolve são bons produtos. A conversa com o usuário final deve ignorar os artifícios usados para desenvolver o produto. O que a equipe faz para isso é irrelevante. Nesta abordagem o que importa é a qualidade do produto, medida pela reação do mercado.

Entenda: Como a lei de Conway afeta o desenvolvimento de softwares?

Lean UX na prática

De acordo com Gothelf, o lean UX se aplica a partir do seguinte passo a passo:

1. Pressupostos

Inicia-se realizando um brainstorming das features

2. Hipóteses

Em seguida, levanta-se algumas hipóteses para a definição do MVP.

3. Protótipo/MVP

A próxima etapa é criar um protótipo de baixa, média ou alta fidelidade do MVP que foi definido anteriormente. 

4. Validação

Nesse momento, ocorre a validação interna e externa do produto, guiada por testes de usabilidade do protótipo. Primeiro ocorre a validação interna, geralmente realizada com os stakeholders, e, depois, a validação externa, com os consumidores ou usuários do produto. 

5. Resultados

Avalia-se os dados coletados e, caso ocorram falhas ou qualquer problema de uso, o time deve voltar para o passo do protótipo e, novamente, passar por todas as etapas seguintes, até chegar na realização de testes de usabilidade.

Leia também: Value stream mapping: o que é e como fazer?

Lean UX: uma ferramenta poderosa

Como vimos, o lean UX é uma metodologia vantajosa para processos de design ligados ao desenvolvimento de software, a fim de melhorar a eficiência, agilidade e inovação dos produtos.

Utilizando o método desenvolvido por Jeff Gothelf, detalhadamente explicado em seu livro Lean UX: Applying Lean Principles to Improve User Experience, é possível garantir todos os benefícios da metodologia na sua organização.

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Escrito por Marketing

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