Veja 5 tendências que vão determinar a logística no pós-pandemia
A pandemia afetou regiões centrais de muitas cadeias de suprimentos globais, o que fez com que 94% das empresas da lista Fortune 1000 tivessem ao menos um fornecedor de primeira ou segunda categoria afetados.
Com isso, o impacto da pandemia sobre a logística foi histórico, exigindo a rápida mobilização das organizações para cumprir obrigações contratuais, de um lado, e para manter a produção e distribuição de produtos, de outro.
No curto prazo, vimos organizações buscando garantir a segurança de colaboradores, mapear áreas de alto risco e sem substitutos imediatos, estimar estoques ao longo de toda a cadeia, lead times e ainda demanda do consumidor e de clientes, para projetar cenários e suas implicações financeiras e operacionais.
Depois, vimos os planos e as contramedidas criadas para assegurar as operações e distribuição no curto prazo. Entre as principais, a PwC cita:
- Transporte de estoques para áreas que não estavam em quarentena;
- Garantia de capacidade e estado de entrega para fornecedores
- Criação de estoques;
- Opção pelo transporte aéreo, para diminuir o prazo de entrega;
- Redesenho de produtos;
- Ajustes à nova demanda, que pode tanto ter caído quanto ter se elevado subitamente;
- Relacionamento sólido com clientes em caso de atrasos.
Como se lê em artigo da Harvard Business Rewiew, em muitos casos essas ações foram uma reação pouco ordenada:
[apenas] uma pequena minoria das empresas, que investiram em mapeamento de sua rede de suprimentos antes da pandemia, estavam bem preparadas.
Passada a correria inicial dos primeiros tempos da pandemia, a pergunta que colocamos neste artigo é: e depois? Como se preparar agora para o que ainda está por vir? Quais as tendências que se desenham na logística no pós-pandemia? Segundo o artigo da Gartner:
[...] aumentar a resiliência será uma prioridade para muitos quando emergirem da crise atual. Mais da metade das empresas pesquisadas esperam ser altamente resilientes dentro de dois ou três anos.
Como conseguir conjugar recuperação e criação de resiliência com custos para o futuro?
Para nós, as medidas de mitigação de riscos no curto prazo, colocadas pela PwC e citadas acima, dão os fundamentos para as ações futuras. Vejamos quais as tendências mais claras para o pós-pandemia.
1. Nearshoring: produção em regiões mais próximas
Uma opinião até o momento unânine entre os especialistas é que preço não compensará a distância dos fornecedores.
Segundo Hubertus Bardt, Diretor de Pesquisa do IW, mas também especialistas como Mikkel Brun, da Tradeshift, a paralisação das operações mostrou a fragilidade criada pela dependência de certos fornecedores e países, como a China. Como aponta Alessandro Nicita, economista da ONU:
A China criou uma enorme logística – logística de transporte – com portos, rotas de embarque, aviões que são capazes de transportar todos esses bens para dentro e fora da China.
Se por um lado encontrar fornecedores alternativos em países do México e Europa Oriental exigirá um grande esforço, por outro parece que as organizações estão dispostas a isso:
Se antes o mais importante era obter um insumo pelo custo mais baixo, agora, por questão de segurança, as empresas vão começar a olhar para produções em regiões mais próximas.
Isso, no entanto, não significa a interrupção do processo de globalização e de integração das cadeias de suprimentos, mas sim uma desaceleração, que inclusive já estava em curso desde a crise financeira de 2008.
Segundo o Banco Mundial, o índice de participação das cadeias globais de valor no comércio internacional é de cerca de 50% do comércio mundial, mas isso não muda desde a crise financeira de 2008, o que já demonstrava uma tendência para esta distribuição maior de fornecedores.
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2. Múltiplas fontes: diversificação do local de produção
Badt também aponta que as empresas vão querer diversificar o local de produção, como resposta a essa desaceleração da globalização da cadeia de suprimentos, mas também a fim de reduzir a dependência exclusiva de um país ou de um fornecedor. Nota-se uma verdadeira queda de confiança nesse modelo, ainda que ele se prove como o mais em conta.
A ideia de fundo desta tendência, assim como a primeira, é dividir grandes cadeias de suprimentos em estruturas menores e mais ágeis, que se adaptam melhor a cenários mais complexos. A Gartner corrobora essa tendência da logística pós-pandemia, dizendo:
O custo de reter múltiplos locais de suprimentos deve ser visto mais como um custo inerente aos negócios do que como ineficiência.
No entanto, essa tendência deve ser equilibrada em função dos custos, da necessidade de racionalização e de auditoria das cadeias, que tende a fazer com que a quantidade de fornecedores diminua.
Exemplo disso, noticiado pela Bloomberg, veio da principal fornecedora da Apple, a Foxconn, localizada na China, que iniciou as atividades na Índia.
3. Visibilidade da cadeia de suprimentos
Segundo o artigo da HBR que citamos acima, ter boa visibilidade das estruturas da cadeia logística ajudou a minimizar a correria quando a pandemia estourou. Afinal, as organizações precisam entender onde elas têm problemas.
Por isso, é claro que esse mapeamento vai ajudar depois também, sendo mais uma tendência em logística pós-pandemia.
Convenhamos que esta tarefa não é trivial. É complicado chegar a fornecedores de nível 2 ou nível 3. Fatores como custos, tempo e trabalho acabam tornando esse processo inviável.
Não é por acaso que pesquisa da Gartner mostra que apenas 21% dos questionados afirmam ter uma boa visibilidade de sua cadeia de suprimentos assim como a agilidade necessária para mudá-la rapidamente.
A recomendação da própria HBR é criar uma cláusula no contrato de fornecimento que leve o fornecedor a contribuir com esse mapeamento. Para isso, contar com a ajuda dos seus fornecedores é fundamental: o que nos leva a mais uma tendência em logística no pós-pandemia.
4. Mais colaboração com fornecedores
Quando a organização tem visibilidade de suas cadeias de suprimentos, criam-se as condições para a última tendência em logística no pós-pandemia: a colaboração de empresas e fornecedores.
Com essa parceria, o ecossistema de suprimentos será reforçado como um todo, criando facilidade de gerenciamento em momentos de expansão e maior resiliência em momentos de crise.
Segundo Bindiya Vakil, da Resilinc, declarou em matéria da Supply Chain Quarterly, “trabalhar com fornecedores para ajudá-los financeiramente é crucial para todas as partes”.
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5. Digitalização da cadeia logística
Se você conhece a sua cadeia logística em detalhes em todos os seus níveis porque conta com a colaboração de fornecedores, então só falta digitalizar isso tudo. Por quê?
Além do foco em poucos centros de produção, a pandemia mostrou fragilidades como a inadequação de estoques, o gerenciamento manual, a baixa transparência e a falta de flexibilidade em logística, todos problemas relacionados à falta de visibilidade da cadeia de suprimentos, mas também à falta de inteligência.
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Segundo Bo Zhou, CEO da chinesa FuturMaster, diz em artigo:
Muitos problemas foram agravados na China porque as empresas não possuíam tecnologia para suportar simulações; portanto, elas não conseguiam antecipar a demanda e a oferta observando vários cenários.
70% de 300 empresas pesquisadas em um levantamento da Resilinc, feito entre janeiro e fevereiro de 2020, disseram que ainda estavam coletando dados e os avaliando manualmente para identificar quais de seus fornecedores estavam em áreas que sofreram lockdown na China.
Com inteligência artificial e machine learning é possível predizer riscos e oportunidades com base em dados geográficos, macroeconômicos e políticos.
Colocar nas mãos dos gestores de logística tecnologias que gerem inteligência será valioso durante o pós-pandemia.
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Logística pós-pandemia: aprender para otimizar
Os impactos da pandemia na logística não foram pequenos, e a maioria das organizações ainda os está avaliando e quantificando.
Isso aprofundará seu aprendizado. Esse novo conhecimento, nas empresas que estão na vanguarda em operações de suprimentos, vai conduzir a reconfigurações abrangentes e duradouras, para criar resiliência e competitividade.
Essas mudanças não são simples: custarão tempo, trabalho e investimentos das organizações, se você não contar com inteligência e planejamento.
Falando nisso, confira como a ajudamos a Portonave a aprimorar seus processos de logística.
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