Embora a multicloud seja inevitável, é preciso orientar a adoção de vários provedores, o que não está acontecendo nas empresas. Veja como
Temos reiterado em nossos artigos que a pandemia, de uma perspectiva tecnológica, criou várias urgências para as organizações. Uma delas diz respeito à migração para a cloud. De acordo com a Survey: Cloud Adoption Statistics, da Maria DB, no mundo todo, 40,4% das organizações vão acelerar sua transição, mais ou menos da seguinte maneira:
- 31,8% das organizações planejam começar uma transição
- 51% planejam mover mais aplicações para a cloud
- 38,6% planejam estar 100% na cloud.
Em cinco anos, 89% das organizações esperam ter ao menos 50% de suas base de dados na cloud, entre 33%, tudo na nuvem.
Com um cenário de expansão da cloud como esse, seria ingenuidade pensar que as organizações, dadas as diversas necessidades de negócio, consigam se manter em apenas um provedor. Só que, como diz a Gartner em artigo, muitas vão acabar multicloud, em vez de se tornarem multicloud de uma maneira estruturada e deliberada.
Ao que tudo indica, o motivo disso está no fato de não estar completamente claro o que é multicloud. Os dados da Maria DB ajudam a entender isso: apenas 27% das empresas estão apenas em um provedor. Até aí tudo bem. Quanto à fatia de organizações que tem mais de dois provedores (71%), no entanto, quando questionada sobre o que a impulsiona a migrar para a cloud, poucas citam a possibilidade de ser multicloud entre os motivos. O que significa que elas não sabem exatamente por que adotam uma abordagem multicloud.
Neste post, então, vamos entender por que adotar uma abordagem multicloud, que desafios essa decisão coloca a uma estratégia cloud e um framework que ajudará a enfrentá-los e dar direcionamento a uma estratégia multicloud.
Por que adotar uma abordagem multicloud
1. Não se prender a um provedor
Se antes as opções eram ou construir um data center ou alocar recursos em provedores, hoje, com tantas possibilidades de escolha, as organizações querem mesmo garantir a flexibilidade de responder às mudanças no mercado cloud por meio da mudança ou adição de provedores.
2. Preço melhor
Com a habilidade de aproveitarem outras clouds, as organizações garantem mais opções de preço e descontos nos serviços que vão atender a sua necessidades.
3. Performance
Cada provedor tem suas próprias especialidades e ofertas em segurança da cloud, compliance etc., que também vão atender de maneiras diferentes as necessidades das organizações.
4. Necessidades de operação
As organizações podem requerer que a cloud perpasse regiões em que operam e permitam expansões a novas regiões do planeta.
5. Resiliência da arquitetura
Assegurar que as aplicações se mantenham em funcionamento em quaisquer cenários possíveis de acidentes em data center ou provedores cloud é outro motivo.
6. Compliance e segurança
Setores altamente regulados, como financeiro, aliás, têm a obrigação expressa de evitar a dependência de um único provedor, por exemplo, tendo um segundo, no mínimo, para esse fim.
Desafios da estratégia multicloud
Apesar dos inúmeros motivos pelos quais adotar uma abordagem multicloud, há desafios. Vejamos os principais:
1. Adesão desorganizada
Como vimos, embora estejam sim adotando abordagens multicloud, em combinações de múltiplas clouds públicas e privadas, esse parece ser mais um resultado inevitável do que um estratégia intencional. Como na narrativa ilustrada desta maneira pela Gartner:
A organização começou a fazer novas aplicações digitais do negócio na AWS e então a AWS se tornou o centro de gravidade de todos os novos apps cloud nativos e habilidades cloud. Então, a organização decidiu migrar aplicações LOB baseadas em Windows para a cloud a fim de economizar, e as subiu para o Azure (…). Agora, a organização tem um time da data science que pensa que a Google Cloud é incrivelmente sexy. E há uma ilha flutuante de aplicações em Oracle onde a Infraestrutura Cloud da Oracle está sendo contemplada. e não se esqueça da divisão chinesa, que é hospedada na Alibaba …
De acordo com Zdnet:
A verdade sobre multicloud é que ela será uma maneira de as organizações espalharem suas apostas.
Trata-se, portanto, de liberdade de escolha e de preferência, mas não tanto de uma ação deliberada.
2. Complexidade
De acordo com Zdnet:
Há a expectativa de que a multicloud possa parecer e rodar como uma única entidade lógica, mas a verdade é que clouds são plataformas, e mesmo com standards, elas ainda terão suas diferenças.
No caso de amplas possibilidades de provedor, não é raro que aplicações fiquem com uma infraestrutura mais inchada – já que cada escolha acarreta em capacidades e ferramentas distintas –, que automaticamente vai exigir mais trabalho da equipe de TI, assim como DevOps.
3. Custos de gerenciamento maiores
Assim como a complexidade, será mais trabalhoso o cálculo e estimativa de custos. Sem essa previsibilidade, os custos com gerenciamento de uma abordagem multicloud podem ficar proibitivos.
Leia mais: Como monitorar gastos com cloud computing
Framework de migração para a multicloud
Para evitar todos os desafios acima, essa inevitabilidade da multicloud, que torna impraticável no longo prazo a adesão a um único fornecedor, no entanto, aponta para necessidade de uma clareza maior das organizações sobre como se preparar e gerenciar uma estratégia multicloud.
Vejamos um framework básico:
1. Identificar as motivações da adoção da cloud
Fazer uma consideração cuidadosa tanto de aplicações correntes quanto de novas, de maneira bem objetiva, a fim de identificar as motivações por trás delas, é o ponto de partida.
Por exemplo, para acelerar o delivery das aplicações você vai precisar de acesso rápido a recursos computacionais. Se o seu objetivo é aumentar a eficiência operacional, a escala do provedor poderá reduzir o preço. Para atender picos sozonais, flexibilidade e elasticidade do sob demanda também poderão implicar economia. Para obter menor latência, adotar um servidor cloud geograficamente próximo será uma decisão mais acerta. E por aí vai.
Leia mais: Como alinhar sua estratégia cloud à sua transformação digital
2. Criar um portfólio cloud
Quantas clouds e quais você vai precisar de acordo com seus objetivos?
Segundo o Flexera 2020 Estate of the Cloud Report, o número de clouds usadas em média pelas empresas é:
- Pública
Usando: 2,2
Experimentando: 1,2 - Privada
Usando: 2,2
Experimentando: 1,7
Aqui, a consideração deve abarcar as forças e fraquezas de cada provedor possível, as necessidades das aplicações que vão ser migradas, preocupações sobre a manutenção de vínculo com apenas um provedor como impacto sobre mudanças futura e regulações, etc.
Não é necessário garantir a potabilidade entre todos os provedores, nem manter um mínimo denominador comum.
3. Gerenciar os desafios
Falamos dos principais desafios de uma abordagem multicloud acima. Para solucioná-los, será preciso, em termos de governança:
- dar visibilidade aos recursos provisionados, estruturar as contas cloud, estandardizar acessos, assegurar monitoramento e auditorias, a fim de reduzir riscos e assegurar o compliance, por meio de controles automáticos
- monitorar, predizer e assegurar a eficiência de custos, para que não saiam do controle
- compreender como arquitetar para escalabilidade, confiabilidade e performance da cloud.
Multicloud: não por casualidade, por escolha da organização
Para viabilizar de maneira apropriada todos os pontos de sua estratégia multicloud, tenha apoio das lideranças das várias envolvidas, como operações, desenvolvimento, segurança, financeiro e compliance.
Considere, ainda, ter um time de especialistas em cloud, com arquitetos e engenheiros DevOps, bem como um VP em cloud para conduzir de perto as iniciativas em multicloud.
E, por fim, se você precisa de apoio para chegar e executar a melhor estratégia, para conseguir tanto lidar com os desafios específicos da sua empresa quanto para gerar oportunidades para o futuro, fale com um de nossos consultores, para saber como podemos ajudar a sua empresa.