Everything as a service, IA, blockchain e big data: veja como especialistas veem o futuro do mercado financeiro
Nos últimos anos, o setor financeiro vem se remodelando. Os acontecimentos no Brasil e no mundo, a emergência das fintechs e a inovação tecnológica são alguns dos fatores que se cruzaram e estão impulsionando mudanças, assim como novas perspectivas no setor financeiro.
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E diante de tanta dinamicidade, o que podemos esperar desse segmento para os próximos anos? É isso que discutiremos neste artigo.
Entre otimismo e pessimismo: esse é o humor do setor financeiro
Em 2019, a quarta edição do maior evento de investimentos do mundo, o Expert Talks, realizado pela XP Investimentos, mostrava grandes expectativas para 2020.
Os comentários gerais dos economistas e analistas de mercado financeiro presentes indicaram um grande otimismo em relação à economia brasileira, consequência do ambiente reformista, da baixa taxa de juros e da inflação.
E os investidores estrangeiros? As empresas estão cortando gastos, renegociando dívidas, se apoiando na tecnologia para aumentar a produtividade e estão mais saudáveis hoje do que estavam há alguns anos. É claro que o Brasil ainda possui um longo caminho para percorrer se quiser de fato recuperar a economia, mas frente aos avanços, por que ainda não vemos os investidores externos adentrar o país?
Segundo especialistas, porque o Brasil ainda está em fase de recuperação econômica, e não de crescimento. “Quando olha o Brasil, o gringo pede crescimento ou retorno. Não temos ambos ainda. O gringo, então, senta e espera. Quando vier o crescimento econômico, aí entra. Acreditamos que nos próximos meses começa a acelerar”, diz João Braga, assessor da XP.
À primeira vista essa situação pode parecer desanimadora, mas na verdade ela é positiva, como aponta Luis Felipe Amaral, da Equitas (gestora de fundos especializada em renda variável). O gestor acredita que o temporário distanciamento do investidor estrangeiro no país abre portas para os investidores locais negociarem ativos longe da influência de preços da competição externa.
“Everything” as a service
Nas últimas décadas, observamos a flexibilização de diferentes vertentes do setor de serviços. Muitas empresas, independente do segmento, redesenharam seu modelo de negócios para atender as novas formas de compra e venda, focando cada vez mais nas necessidades e no novo comportamento do consumidor.
No mercado financeiro não é diferente. As instituições da área estão desenvolvendo pacotes de serviços com maior possibilidade de personalização, visando atender as peculiaridades de cada cliente. Essa é uma arma poderosa para conquistar e reter clientes, especialmente os mais jovens.
Essa lógica ficou conhecida como everything as a service. A tendência de se abandonar os modelos tradicionais e rígidos de vendas é crescente: para engajar os consumidores a utilizar os serviços financeiros das empresas é preciso ampliar sua flexibilização.
Computação cognitiva e Inteligência Artificial
A Pesquisa de Tecnologia Bancária da FEBRABAN revelou que 80% dos bancos respondentes da pesquisa investem em Computação cognitiva e Inteligência Artificial (IA) – tecnologias que se complementam muito bem.
A computação cognitiva consiste na capacidade das máquinas de pensar de forma semelhante aos humanos. No mercado financeiro, o uso dessa tecnologia aumenta a habilidade de processar informações relativas ao comportamento do cliente, principalmente quando associada à IA. Por meio dessa associação, as instituições podem realizar previsões e análises financeiras dos clientes em larga escala.
A automação de processos já é uma realidade e promete estar presente em cada vez mais empresas nos próximos anos, especialmente no mercado financeiro. Com soluções de TI inteligentes, as instituições desse segmento podem reduzir erros humanos, aumentar a produtividade, realizar mais operações em menos tempo e atingir um novo patamar de performance.
Ao eliminar os custos operacionais e a necessidade de interação humana com diversos processos, as empresas estarão aptas a direcionar toda a sua atenção para o que realmente importa: a prestação de serviços e realização de tarefas vitais para o core business.
Blockchain e segurança de dados
Você provavelmente já ouviu falar nas famosas bitcoins. A criptomoeda se popularizou nos últimos anos e não para de valorizar. O sucesso é tanto que muitas instituições financeiras já adicionaram o bitcoin ao seu portfólio de investimento.
Mas o legado mais importante dessa moeda é o seu mecanismo antifraude. Também chamado de blockchain, essa tecnologia é composta por cadeias de blocos que têm o objetivo de tornar o uso da criptomoeda mais seguro.
Funciona assim: todas as transações realizadas pelo bitcoin são guardadas nessas cadeias, mas elas são distribuídas de forma descentralizada. Ou seja, todos que estão conectados à rede da criptomoeda têm acesso ao blockchain. Para evitar as fraudes, cada bloco é salvo com uma criptografia complexa.
Se algum entusiasta tentar realizar um pagamento com a moeda de outra pessoa, os blocos que antecedem e sucedem o bloco fraudado não perdem a sua integridade. Isso faz com que a tentativa de fraude seja identificada rapidamente.
Para os próximos anos, o mercado deve aprimorar o funcionamento dos blockchains e desenvolver novos modos de segurança de dados – principalmente das criptomoedas. Falamos mais sobre isso neste post, não deixe de conferir.
O Big Data veio para ficar
O Big Data não é apenas uma tendência, já é realidade em muitas empresas e o responsável por tornar possível grande parte do remodelamento do mercado financeiro.
Seu uso, quando associado com outras tecnologias preditivas e de análise, vem sendo muito útil para compreender melhor as necessidades do consumidor, controlar e combater fraudes e melhorar a experiência dos clientes.
Pautado nos 5Vs (volume, veracidade, valor, variedade e velocidade), o Big Data ganhou importância devido à sua alta capacidade de analisar os algoritmos presentes em uma transação. Em um mercado onde os mínimos detalhes são essenciais, contar com a ajuda desta ferramenta não é mais um diferencial ou desejável, mas sim uma necessidade.
Perspectivas do mercado financeiro: o que está se tornando realidade?
O insight que temos então, é que as perspectivas do mercado financeiro para o futuro são otimistas. Tanto empresas quanto clientes do setor podem esperar uma maior flexibilização, segurança das informações e aplicações da tecnologia para melhorar os serviços.
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