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Entenda o que é e como funciona o design sprint passo a passo, o método de criação de projetos criado por Jake Knapp no Google 

Sobram desafios dentro das organizações. Ter ideias para responder a eles, no entanto, não parece ser algo difícil. Já identificar quais ideias são boas… Esse é o desafio das organizações. E mesmo que identificadas, ideias atravessam um longo caminho de incertezas – no qual muitas vezes se perdem – até chegarem ao mundo real

Por isso, ter uma caixa de ferramentas que vão ajudar a validar soluções antes de empenhar uma grande equipe, investir muito dinheiro e tempo nelas é fundamental para as organizações.  

Uma dessas ferramentas é o design sprint. O design sprint é uma metodologia criada por Jake Knapp dentro do Google exatamente para validar ideias. Depois de muitas aplicações e, claro, melhorias, o método foi explicado por seu criador, com outros dois coautores (John Zeratsky e Braden Kowitz), no livro Sprint: o método usado no Google para testar e aplicar novas ideias em apenas cinco dias, um “guia faça você mesmo para que qualquer pessoa possa conduzir seu próprio sprint”. 

livro design sprint
Livro: Sprint, de Jake Knapp

Neste post, vamos fazer uma espécie de resumo do passo a passo de um sprint do Google, tal como explicado por Knapp em seu livro. Evidentemente, ele não vai substituir a leitura do livro – que nós indicamos fortemente -, mas ajudará você a lembrar de todos os pontos. 

O que é um design sprint? 

Design sprint é uma metodologia criada e melhorada pelo designer Jake Knapp, durante sua passagem pelo Google e pelo Google Ventures, para resolver desafios por meio de protótipos construídos por uma equipe reduzida e em pouquíssimo tempo, mais precisamente em 5 dias. 

Nesse sentido, o design sprint é bem parecido com a Lean Inception, método criado por Paulo Caroli para validar ideias de produtos. Veja os passos no vídeo abaixo:

O princípio geral do sprint é não esperar pelo lançamento de um MVP – o que faz com que a empresa se comprometa com a execução de um projeto – para descobrir se uma solução é boa. A ideia é ver que resultados pode-se esperar da solução com o menor investimento, equipe e tempo de desenvolvimento possíveis, proporcionando o melhor ROI.  

Esse tipo de validação inicial busca seu aprendizado na superfície e na aparência – que, segundo Knapp, é o que importa para o público –, não na profundidade. Depois dessa validação, a organização pode, com segurança, desenvolver sistemas e tecnologias subjacentes em um MVP ou abrir mão do projeto. 

Aplicado em mais de 100 empresas pelo criador e demais colaboradores, o design sprint pode ajudar empresas de todos os portes e de todos os setores

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Como o passo a passo do design sprint foi criado? 

O design sprint é fruto do aperfeiçoamento de um processo de criação bem conhecido: o brainstorming. Para Knapp, apesar de divertidos, barulhentos e animados, os brainstormings não produzem boas ideias.  

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Knapp observou que as boas ideias vinham de pessoas que estavam trabalhando sozinhas, altamente focadas. Depois de algumas observações e testes com esse método, Knapp incluiu ainda a prototipação, o teste de validação e um prazo bem definido para todo o processo.  

Disso saiu o primeiro passo a passo do design sprint, que foi validado dentro do Google e, depois, em startups do portfólio do Google Ventures

Preparando um design sprint: desafio, equipe e espaço  

1. Qual o seu desafio? 

Design sprints são ideais para encontrar respostas a desafios que envolvam alto risco, pouco tempo, bastante dinheiro e que, por tudo isso, podem facilmente estagnar. 

Seu design sprint deve, portanto, partir de um desafio importante para a organização, porque requer bastante energia e foco. Knapp inclusive recomenda que ela não seja usada a torto e a direito, sob risco de a equipe não se empenhar ao máximo. 

Parta, portanto, de um desafio grande e relevante para a organização. 

2. Monte uma equipe de design sprint 

Segundo Knapp, o número de pessoas ideal em um design sprint é sete ou menos, de várias áreas relacionadas ao projeto. A ideia é que as atividades da organização não sejam tão comprometidas – afinal, esse time vai se dedicar full time ao sprint. 

Você vai precisar de um ou dois definidores e demais especialistas de áreas-chave para a resolução do desafio. 

Além disso, Knapp recomenda a inclusão de um criador de caso – “pessoas inteligentes que têm opiniões contrárias fortes” e de alguns outros especialistas para visitas rápidas, em que poderão compartilhar o que sabem e tirar dúvidas do time titular. 

Por fim, o sprint requer um facilitador, a pessoa que vai conduzir todo o processo, gerindo o tempo, as atividades e as pessoas. Busque um facilitador neutro. Knapp recomenda que seja um terceiro, de fora da empresa e da equipe, embora isso não seja um pré-requisito. 

3. O tempo e o espaço do design sprint 

Vimos acima que o design sprint dura apenas cinco dias. Mas saiba que são cinco dias de expediente dedicados inteiramente a ela. 

Além disso, o espaço deve incluir quadros brancos e materiais de escritório, como post-its, canetas, pequenos círculos adesivos e folhas A4. Intervalos, lanches e água também ajudam a deixar todos os participantes bem confortáveis. 

Knapp recomenda que os participantes não utilizem celular e notebook dentro do espaço reservado para o sprint. No entanto, se precisar, os participantes podem sair à vontade para conferi-los, bem como utilizar durante os intervalos. (Acredite, poucos farão isso).

Design sprint passo a passo 

Resumo da semana de um design sprint
O design sprint passo a passo / Fonte: Sprint

#1 Segunda-feira: Faça um mapa e escolha um alvo 

O ponto de partida do design sprint, na segunda-feira de manhã, é responder: por que estamos aqui?  

A partir das respostas esboce as perguntas que o sprint vai responder e seu objetivo de longo prazo

objetivo de longo prazo de um sprint
Objetivo de longo prazo / Foto: Sprint

Feito isso, você poderá traçar um mapa, que vai colocar a complexidade de suas necessidades de maneira mais esquemática, com vistas a obter um alvo bem específico e objetivo do percurso no sprint. Siga o padrão: 

  • Atores: todos os personagens da história, como clientes, produto e vendedores, por exemplo. 
  • Ações: como os atores interagem a fim de produzir o desfecho esperado? Aqui, Knapp recomenda que os sprinters utilizem setas e frases descritivas, que não compliquem e que se ajudem mutuamente. 
  • Fim: o desfecho da ação dos atores, que pode ser comprar, entregar, atender e por aí vai. 
Mapa do design sprint / Foto: Sprint

Esses passos do design sprint devem durar a manhã toda. À tarde, acontece o que Knapp chama de Pergunte aos especialistas, entrevistas com os integrantes do sprint e outros especialistas que os sprinters considerarem necessários para entender as nuances do projeto. 

O objetivo é refinar o trabalho feito durante a manhã (objetivo de longo prazo, perguntas do sprint e mapa). Então, todos devem agir como se fossem repórteres. As anotações, tanto de dificuldades quanto de oportunidades, podem ser organizadas de acordo com o método Como Poderíamos …? 

Depois de colados na parede, os post-its de Como Poderíamos são organizados em grupos, votados em relação à sua utilidade corretiva e, por fim, incluídos no mapa. 

Feito isso, para fechar o primeiro dia de design sprint, o definidor escolherá, dentro do mapa, um público e um evento-alvo – a partir do qual o restante dos passos do sprint vão se desenrolar.  

#2 Terça-feira: Esboce soluções concorrentes 

Você iniciará a manhã de terça procurando ideias preexistentes que possam ser usadas à tarde para se chegar a uma solução

Essas ideias podem ser de outras empresas do mesmo ou de outros ramos, ou até da própria empresa.  

Listadas as ideias, elas podem ser apresentadas em Demonstrações-relâmpago de não mais do que três minutos. As soluções preferidas dos sprinters deverão ser registradas – ainda não debatidas – à medida que são apresentadas. Essa será a matéria-prima que os integrantes usarão para seus esboços de solução, à tarde. 

Mas, antes de iniciar os esboços, reveja o mapa. Se o foco do problema ainda for complexo demais, divida-o em focos específicos e crie subgrupos para trabalhar com cada um deles. Mas, se o foco for bem específico, todos podem trabalhar em uma solução só. 

À tarde é hora de criar os esboços de solução – individualmente. Eles não precisam ser obras de arte. Apesar disso, Knapp ressalta que devem ser autoexplicativos, anônimos, completos e titulados

esboço de solução de um desafio
Esboço de solução para desafio / Foto: Sprint

#3 Quarta-feira: Escolha a melhor solução 

A quarta deve ser um dia bem animado, já que a terça terminou com a entrega de várias soluções. Mas, como não é possível prototipar todas, este dia será reservado à decisão pela solução vencedora. Knapp criou um processo para essa tomada de decisão, com cinco passos: 

  1. Museu de arte: cole todos os esboços de solução na parede.
  2. Mapa de calor: peça que cada participante analise as soluções em silêncio e, com adesivos circulares, marque partes interessantes em cada decisão. 
  3. Críticas-relâmpago: facilitador faz um breve resumo da solução, e a equipe discute os destaques e o criador explica eventuais dúvidas – tudo isso em não mais que três minutos. 
  4. Pesquisa de intenção de voto: cada participante vota anonimamente na decisão de que mais gostou. 
  5. Supervoto: definidor faz a escolha final da solução. 

No caso de vencedores que não puderem ser conciliados no mesmo protótipo, o grupo pode prototipar os dois.  

À tarde, os esboços escolhidos vão ser abertos em storyboards, representações em 15 a 20 quadros de todo o protótipo. 

Aqui, não é hora de ter ideias, mas de incorporar o conteúdo dos esboços aprovados na experiência que o público-alvo deverá fazer lá na sexta-feira. 

#4 Quinta-feira: Construa um protótipo realista 

Agora é hora de dar realidade ao storyboard, ou melhor, criar um simulacro da realidade. Por que simulacro?  

Falamos no começo do artigo que a validação que ocorre na sprint é da superfície, ou seja, de uma fachada de solução, não de um produto real. Então, você vai prototipar só o suficiente para que a solução seja testada de modo a responder às suas perguntas. 

Knapp recomenda que você não faça um protótipo que não esteja disposto a descartar. No entanto, ele deve parecer real. Knapp chama isso padrão Cachinhos Dourados. 

Parece difícil achar esse ponto de equilíbrio, e tampouco há receita pronta, já que cada projeto é único. Mas, com um pouco de criatividade, as ferramentas certas e boa divisão de esforços, tudo pode ser prototipado dessa maneira.   

Costurado o protótipo, faça um teste e, depois dos ajustes finais, ele está pronto para o grande dia: o teste com o público. 

#5 Sexta-feira: Teste com o público-alvo 

Ao longo da semana, paralelamente à condução dos passos do design sprint, o facilitador deve recrutar, por meio de anúncios, cinco representantes do público-alvo da solução, que vão testá-la neste dia. 

Knapp recomenda anúncios genéricos e compensação financeira, para atrair bastante gente. Para filtrar os candidatos, aplique formulários

Na sexta-feira, você organizará o dia em torno de cinco entrevistas de uma hora, prevendo alguns intervalos entre elas. Transmita-as ao vivo para os outros sprinters. 

A entrevista seguirá um roteiro desenvolvido por Michael Margolis ao longo da centena de design sprints conduzidas no GV. Incentive seu entrevistador a desenvolver seu próprio roteiro antes das entrevistas. É assim: 

  1. Boas-vindas: explicação sobre o que vai acontecer e demais burocracias (autorização da gravação, documento de confidencialidade, etc.). 
  2. Perguntas de contextualização: entenda como o entrevistado se insere no contexto mais amplo em que o seu projeto se apresenta. 
  3. Apresentação do protótipo: introduza o produto e como ele pretende se inserir naquele contexto sobre o qual estão discutindo, sempre frisando que se trata de um protótipo e que o objetivo é que o entrevistado mostre falhas e dê feedbacks, pensando em voz alta sem pudores. 
  4. Tarefas com o protótipo: faça perguntas que ajudem o entrevistado a iniciar e, depois, a falar durante o teste, mas não o instrua. 
  5. Debriefing: faça perguntas que ajudem o entrevistado a sintetizar suas impressões positivas e negativas, sugestões de melhoria e comparações com concorrentes. 

Cada entrevista será acompanhada em tempo real, noutra sala, pelos sprinters. Eles farão anotações – não é hora de discutir nada ainda – e as colarão no quadro. Após, buscarão padrões, agrupando-as. 

Depois, toda a equipe estará pronta para tirar os aprendizados da experiência dessa semana

Veja: Como aplicar o Design thinking na gestão de TI

Design sprint passo a passo: pronto para conhecer suas melhores ideias?  

Chegamos ao fim do nosso resumo do passo a passo de um sprint. A semana é muito intensa!  

Saiba que um design sprint vencedor não é aquele que mostra que suas ideias são boas. Knapp declara que, mesmo quando mostra que uma solução não é boa, ninguém perde com um design sprint. Raro é, segundo o criador do design sprint, que uma solução se mostre 100% aprovada de primeira. 

Normalmente, de maneira natural, o método dará origem a testes com novos protótipos, levando a equipe a chegar à melhor solução para seu desafio, no menor tempo possível. 

Leia também: Product backlog: do projeto ao produto

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