O conceito de MVP é suficiente? Conheça que outros conceitos de mínimo produto existentes, como o MLP
Produtos digitais, além de qualidade, UX e valor, devem ser lançados rapidamente, para atender stakeholders e usuários, que exigem soluções tecnológicas mais que funcionais. Conceitos como o de MVP do The Lean Startup de Eric Ries e, depois, suas evoluções, como o conceito de MLP, vêm para conciliar todas essas variáveis. Não por acaso se popularizaram.
A ideia de Ries é tão simples quanto revolucionária. Baseado no lean thinking, em The Lean Startup Ries desenha o MVP como o core mínimo de produto capaz de levar a organização a aprendizado validado com usuários reais antes de fazer um produto completo. A ideia subjacente é a de construir, medir e aprender rápido, enquanto o produto é pequeno e pivotar é simples.
Veja mais: Tudo sobre o conceito de MVP de Eric Ries
Apesar de buscar a completude e a universalidade dos casos, a definição de MVP de Ries não responde a dúvidas como: o MVP é a versão mais barata do produto? O MVP é vendável? O MVP deve ser amado pelos usuários?
Como Ries não responde com clareza a essas perguntas, surgiram outros mínimos produtos, como o MLP – Minimum Loveble Product.
Neste post, partindo do conceito de MVP de Ries, vamos falar desses outros mínimos viáveis existentes e analisar se eles atendem o propósito.
O MVP
O MVP – Minimum Viable Product é a menor versão possível de um produto, criada para testar hipóteses de valor e de crescimento de um produto. O objetivo principal dos MVPs é gerar aprendizado validado por adotantes iniciais, capaz de diminuir a incerteza e dar direcionamento a incrementos no produto.
Contraposto à ideia de que é preciso lançar um produto completo para entender se ele vai pegar com os usuários, o MVP é radical: elimina todo o trabalho que não contribua à validação rápida de hipóteses.
Com isso, o modelo se ajusta ao caráter evolutivo dos produtos digitais e do comportamento dos usuários, que mudam cada vez mais rápido. Se pensarmos no Facebook lançado em 2004 e no Facebook usado pelos usuários em 2021, facilmente percebemos que o produto nunca parou de ser recriado. Se refletirmos um pouco mais, perceberemos que o Facebook de 2021 nunca seria lançado em 2004, simplesmente porque o momento era outro.
Disso decorre outra ideia: um MVP não se esgota em sua primeira versão. O ciclo construir-medir-aprender é contínuo. Produtos com anos de mercado não só podem como devem continuar a exercitá-lo, para testar suas hipóteses e direcionar evoluções.
Embora a ideia de MVP seja aplicável a qualquer projeto, é possível lançar algumas dúvidas. Falaremos delas na próxima seção.
O problema com o MVP
Os principais questionamentos ao MVP vêm da seguinte pergunta: qual é core do produto chamado de MVP?
Para Eric Ries, em primeiro lugar, MVP é um produto viável, depois um produto funcional, capaz de despertar interesse e, por fim, capaz de agregar valor para os adotantes iniciais. Mas como ele não pode ser completo, Ries coloca os pés dos criadores no chão recomendando que o orçamento, a energia e o tempo de desenvolvimento sejam os mínimos.
Perguntas como: o MVP é um produto vendável?; o MVP pode ser alvo de divulgação publicitária?; o MVP é só de uma feature?, entre outras não são respondidas por Ries.
Tais respostas, na verdade, não podem ser dadas porque não estão prontas. Elas dependem de uma análise da estratégia da organização e, portanto, se dão caso a caso.
A organização que define. Se o foco é fazer a versão mais barata do produto, por exemplo, o foco pode ser determinar o menor investimento viável. Mas, se o objetivo for lançar uma versão vendável, a busca será pelo menor produto vendável. Se se trata de uma evolução do produto, outros critérios – como satisfação dos usuários – podem ganhar proeminência.
Como os projetos oriundos dessas respostas, muito provavelmente, não serão um MVP tal como conceituado por Ries, surgiram outros conceitos. Falaremos dos principais abaixo.
Leia também: Value stream mapping: o que é e como fazer
Para além do MVP: como um projeto pode ser fracionado?
No mercado de desenvolvimento ágil de software, além do MVP, outras abordagens podem ser utilizadas para obter a versão de lançamento do produto. Listamos a seguir 7 delas:
1. Minimum viable investment (MVI)
A abordagem do uso do MVI, ou investimento mínimo viável, coloca o orçamento da versão em primeiro plano. Quanto a empresa precisa investir para lançar um produto viável? No processo, a abordagem busca conciliar a escolha das funcionalidades iniciais ou adicionais com o investimento.
2. Minimum viable feature (MVF)
A funcionalidade mínima viável valida a hipótese a nível de funcionalidade. Com isso, facilita possíveis necessidades de modificá-la para chegar ao melhor resultado. Mesmo assim, não abre mão do valor ao usuário. Essa abordagem é interessante para validar evoluções.
3. Minimum marketable feature (MMF)
Funcionalidade mínima vendável busca determinar qual o nível de funcionalidade cuja construção viabiliza a venda. É vista também como uma versão menor do MVP. Pode ser usada para criação de recursos premium, por exemplo.
4. Minimum marketable product (MMP)
O produto mínimo vendável é composto de um ou mais MVPs já validados. Além de atender as necessidades do usuário, apresenta uma experiência satisfatória e pode ser divulgado e vendido. Baseado no conceito de fazer mais com menos, o MMP tem um público-alvo bem definido e é o menor entregável que pode ser vendido.
5. Minimum lovable product (MLP)
O produto mínimo amável é uma versão criada com o objetivo de fazer com que os adotantes iniciais se apaixonem, se tornem advogados, promovendo-o e contribuindo com sua difusão e melhoria.
A função do MLP é despertar emoções no usuário, não oferecendo apenas o mínimo de recursos, mas incorporando as melhores práticas de UX e os principais conceitos de design thinking a uma interface fácil e intuitiva, de forma a tornar mais positiva possível a experiência do usuário.
MVP | MLP |
Resolver o problema | Resolver o problema e criar conexões |
Benefícios práticos para os usuários | Envolve o lado emocional |
Focado na validação | Focado em marketing |
Focado em recursos | Focado em UX |
Usuário aceita seu produto | Usuário ama seu produto |
Fonte: LabCodes
6. Protótipo
O protótipo tem como foco a visualização do produto, ou seja, mostra como será a aparência e a usabilidade, sendo a primeira tentativa de criar um modelo funcional. A principal vantagem são os testes, que podem iniciar rapidamente. Além disso, apesar de não ser lançado no mercado, é possível receber feedbacks de usuários em potencial.
7. Prova de conceito (PoC)
Realizada para garantir que o produto vai fazer sucesso e conquistar clientes, a prova de conceito (PoC) é uma evidência documentada que atesta a ideia e determina se ela é viável ou não para o mercado. Diferentemente do MVP, a PoC é uma abordagem nterna e não se destina aos usuários. Sua finalidade é auxiliar a equipe interna a resolver problemas.
MVP vs. demais produtos viáveis: confusão conceitual?
Embora os demais conceitos de produto mínimo realcem aspectos como orçamento, possibilidade de comercialização ou até a satisfação dos usuários, será que precisamos de termos mais específicos? Não estaríamos ainda dentro do horizonte do MVP?
Um MVP, por definição, deve ser viável, valioso, utilizável e desejável. Para Ries, esses critérios devem ser equilibrados com menor complexidade, menor esforço possível e menor custo. Um MVI ou um MLP podem ser, dessa forma, completamente diferentes de um MVP. No primeiro caso, o valor pode ser sacrificado em nome do orçamento, por exemplo. Já no segundo, o orçamento e energia gastos podem ser maiores em função da satisfação dos usuários.
Tudo isso é correto e pode ser usado para justificar os novos conceitos. Contudo, um MVP – ou qualquer outro nome que se queira dar a ele – é uma hipótese a ser validada. Ele não se esgota em si mesmo: um produto só se sustenta com o crivo dos usuários. Os criadores podem até querer que ele seja amado, mas, se tiverem feito as suposições erradas, terão um produto mal-sucedido. O projeto precisará mudar ou até ser pivotado.
Se a empresa adotou o orçamento como critério principal, às expensas do valor gerado para os usuários, por exemplo, ao testar seu produto ela pode ver que precisará aumentar o nível de valor gerado. Se, por outro lado, ela tiver sucesso, perceberá que a funcionalidade em que economizou naquele momento não era tão fundamental quanto parecia.
A questão é a validação das hipóteses assumidas pelos criadores. Ao fim e ao cabo, sempre se está no nível de um MVP.
Confira: Guia scrum: o que você precisa saber para a prática
MVP ou o nome você quiser: valide sua ideia de produto
Como vimos, validar a ideia de um produto com a abordagem que mais se encaixa no seu projeto é fundamental para o sucesso do seu negócio.
A obtenção rápida de aprendizado validado sobre um produto evita grandes problemas futuros, como um lançamento fracassado ou um produto não querido pelos usuários.
Na hora de desenvolver um produto e validá-lo, conte com um parceiro com experiência em projetos de vários portes, para os mais variados segmentos.
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