Entenda como a ética tecnológica pode impactar o ambiente profissional de TI e porque este tema está em voga no universo corporativo
O avanço da transformação digital nas empresas e as crescentes preocupações com questões morais no ambiente corporativo levanta uma questão importante: a ética tecnológica é o limite para a evolução digital?
É inegável que o uso de novas tecnologias trouxe muitos benefícios para a sociedade, mas seus efeitos impactam profundamente as relações humanas, inclusive no ambiente profissional.
Após a crise pandêmica, muitas pessoas estão reformulando seus propósitos de carreira e o futuro do trabalho tem ganhado outras expectativas, com os profissionais mais conscientes a respeito das suas posições dentro das empresas.
Atentas a essas mudanças e alinhadas com questões ESG, as organizações vêm adaptando suas práticas com objetivo de obter e reter talentos, incentivar a inovação digital e aumentar a confiança corporativa, tão decisiva para o sucesso dos negócios.
A partir de uma gestão mais humanizada, hoje manter um debate sobre ética tecnológica, diversidade e inclusão no ambiente de trabalho é fundamental para a empresa se manter relevante no mercado.
E, em meio a todas essas discussões, que fortalecem a cultura people first, as pessoas têm manifestado preocupações com a onipresença da tecnologia, principalmente em tempos de intelligent automation.
De acordo com o Índice de Inteligência Artificial de 2022, o boom de investimentos em IA nos últimos anos, chamou a atenção para impressionantes capacidades técnicas e deu um novo foco para a ética tecnológica.
Mas, até onde vão os limites da tecnologia que ultrapassam a ética, a privacidade e o uso de dados?
Neste post, vamos mostrar por que a ética tecnológica faz parte das discussões corporativas, quais as principais limitações da ética tecnológica para os negócios e quando o avanço tecnológico ultrapassa questões essenciais da sociedade.
Por que a ética tecnológica faz parte das discussões corporativas?
Com a industrialização da inteligência artificial, as questões éticas e regulatórias das tecnologias de automação se intensificaram.
Segundo Jack Clark, copresidente do AI Index, 2021 foi o ano em que a IA passou de uma tecnologia emergente para uma tecnologia madura.
Não estamos mais lidando com uma parte especulativa da pesquisa científica, mas com algo que tem impacto no mundo real, tanto positivo quanto negativo. O novo relatório revela que a inteligência artificial está sendo integrada à economia e os efeitos disso estão começando a se tornar globais em pesquisa, implantação e até financiamento.
Ao mesmo tempo, o relatório também destaca pesquisas e preocupações crescentes das organizações sobre questões éticas, bem como interesses regulatórios associados à IA.
De acordo com Helen Ngo, pesquisadora afiliada ao AI Index e coautora do capítulo que trata sobre ética tecnológica, “à medida que os sistemas de IA se tornam mais capazes, torna-se fundamental medir e entender as maneiras pelas quais eles podem perpetuar danos”.
Entre os principais pontos levantados pelo Índice de Inteligência Artificial de 2022, podemos destacar:
- A linguagem e os modelos de visão de linguagem multimodal estão se destacando em benchmarks técnicos, mas assim como seu desempenho aumenta, também aumentam suas questões éticas, como a geração de texto tóxico.
- A pesquisa sobre justiça e transparência em IA explodiu desde 2014, com um aumento de cinco vezes nas publicações sobre tópicos relacionados nos últimos quatro anos.
- A indústria aumentou seu envolvimento na ética da IA, com 71% mais publicações filiadas à indústria nas principais conferências de 2018 a 2021.
- Globalmente, a regulamentação da IA continua a se expandir. Desde 2015, 18 vezes mais projetos de lei relacionados à IA foram aprovados em legislaturas de 25 países ao redor do mundo e as menções à IA em processos legislativos também cresceram 7,7 vezes nos últimos seis anos.
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Principais limitações da ética tecnológica para os negócios
O que define o que é ética tecnológica? Quem determina a ética por trás do uso das tecnologias?
A questão que se coloca é se a tecnologia tem algum impacto na conduta ética do profissional, sendo que os fundamentos da ética permaneceram os mesmos: integridade, objetividade, competência e devido zelo e confidencialidade.
Na edição especial do Journal of Social Computing, em seu artigo ‘A contestação da ética tecnológica: uma abordagem sociotécnica para a ética e a tecnologia em ação’, Ben Green observa que essas questões provocaram uma maior análise pública das tecnologias e um exame de consciência associado ao seu desenvolvimento.
Em resposta, a indústria de tecnologia, a academia, a sociedade e os governos aumentaram rapidamente a atenção à ética tecnológica, tanto no design quanto no uso.
Apesar da aparente promessa, a ética tecnológica na prática sofre de várias limitações significativas que sugerem uma ‘limpeza ética’ corporativa: adotar a linguagem da ética para neutralizar críticas e resistir à regulamentação governamental, sem se comprometer com o comportamento ético.
Dadas essas dinâmicas, Green descreve que a ética tecnológica é como um terreno de contestação onde o debate central não é se a ética é desejável, mas o que a ‘ética’ implica e quem pode defini-la. Para o autor, “essas controvérsias também chamaram a atenção do público para o que os estudiosos há muito argumentam: a tecnologia é moldada por forças sociais, a tecnologia estrutura a sociedade de maneiras muitas vezes deletérias e a tecnologia não pode resolver todos os problemas sociais.
Para Green, existem quatro limitações principais para a ética tecnológica:
- Os princípios de ética tecnológica são abstratos.
- A ética tecnológica é subsumida na lógica e nos incentivos corporativos.
- A ética da tecnologia tem um foco míope.
- A ética tecnológica tornou-se um caminho para a lavagem da ética.
Enquanto alguns enquadram a ética tecnológica como abrangendo amplos debates sociais sobre os impactos da tecnologia, outros definem a ética tecnológica como esforços mais estreitos liderados pela indústria para promover explicitamente a ‘ética’ na tecnologia. Na primeira visão, a ética tecnológica é um movimento importante e benéfico para melhorar o digital. Na última visão, é uma distração que dificulta os esforços para alcançar uma tecnologia mais equitativa.
Green prevê que as empresas se rotularão como éticas sem realmente alterar nenhuma política ou ser ético, e alerta para “limites porosos e escorregadios”.
Em vez de tratar a ética tecnológica como um corpo de princípios morais objetivos e universais, é necessário lidar com os pontos de vista e o poder de diferentes atores, os princípios normativos incorporados em diferentes estruturas éticas e mecanismos potenciais para adjudicar entre compromissos éticos conflitantes.
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Quando o avanço tecnológico ultrapassa questões essenciais da sociedade?
Que os avanços tecnológicos garantiram um modo de vida mais dinâmico e confortável não se pode negar. Mas quais são as implicações éticas envolvidas na inovação digital?
Como vimos, a aceleração da transformação digital e o avanço das novas tecnologias trouxe à tona questões como a segurança e a ética tecnológica. Soluções para tornar o dia mais eficiente ou ter os problemas resolvidos com um clique tem atraído quem busca maneiras de viver de forma mais ágil. No entanto, muitos acabam não enxergando os riscos de ceder informações e dados pessoais.
Pois, embora o Brasil tenha aprovado a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) – que dispõe sobre o tratamento de dados pessoais com o objetivo de proteger os direitos fundamentais de privacidade e liberdade –, a evolução e o acompanhamento das tecnologias são ineficientes.
Os limites éticos, morais e até legais seguem se contrapondo à tecnologia em muitos momentos. Até porque a legislação não acompanha a velocidade do avanço tecnológico, ou seja, nem tudo é passível de punição.
O bom senso no que diz respeito à vida e aos direitos humanos básicos devem ser sempre considerados. Portanto, se você espera contar na sua empresa, como parte da sua da equipe, profissionais que priorizem a ética e coloquem questões como essa a frente de qualquer inovação, conte com parceiros sérios, de credibilidade e confiança no segmento de TI.
Contudo, se precisar de apoio para implementar programas que envolvem a ética tecnológica na sua organização, fale com a Supero. Presente no mercado de soluções de TI há mais de 18 anos, somos especialistas em alocar profissionais e equipes altamente comprometidas com os valores e propósitos éticos.
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