Entenda como funciona, quais são os principais casos de uso, benefícios e como implantar
A telemedicina e o monitoramento remoto de pacientes estão presentes nas pautas dos líderes de saúde há anos, ainda que timidamente.
Primeiro, porque boa parte dos serviços em saúde está centrado no acompanhamento de doenças crônicas, como diabetes, hipertensão, doenças cardiovasculares, entre outras, que inspiram acompanhamento contínuo mas não com a necessidade do paciente ir até o serviço de saúde. Depois, por causa das dificuldades que o modelo tradicional de atendimento apresenta para integrar informações dos pacientes, como exames e histórico, e para garantir a continuidade de atendimento.
No entanto, a pandemia trouxe o monitoramento remoto para o centro das discussões, diante da necessidade do acompanhamento seguro de pacientes.
Com isso, pesquisas revelam que 88% dos provedores já investiram ou estão planejando investir em tecnologias para monitoramento remoto de pacientes.
Então, o que os líderes de tecnologia do setor de saúde precisam saber sobre monitoramento remoto, antes de ingressarem nesta jornada? É o que trazemos neste artigo, em que vamos explorar:
- como funciona o monitoramento remoto de pacientes;
- a relação do monitoramento remoto com o modelo atual de atendimento de crônicos;
- casos de uso das tecnologias de monitoramento remoto;
- benefícios; e
- o que considerar na decisão pelo monitoramento remoto.
Monitoramento remoto de pacientes: como funciona
O RPM (Remote Patient Monitoring) é mais um avanço tecnológico da Saúde 4.0, que visa a digitalização e automação de processos para um atendimento seguro, mais bem-sucedido e humanizado para os pacientes e mais sustentável para os serviços.
O espectro de possibilidades tecnológicas é amplo em monitoramento de pacientes. Desde programas para acompanhamento da adesão ao tratamento até soluções conectadas a wearables, para coleta de exames de pacientes, permitindo o monitoramento de sinais dos pacientes enquanto estão em casa.
O monitoramento remoto em relação ao modelo atual de atendimento de crônicos
O RPM já tem sido visto como um complemento do modelo tradicional de atendimento de pacientes crônicos.
O objetivo não é substituir as avaliações e check-ups presenciais, mas sim empoderar e acompanhar as condições de saúde dos indivíduos nos intervalos das consultas. Caso aconteça alguma mudança imprevista nos sinais que estão sendo acompanhados, a equipe de profissionais, juntamente com o paciente, avaliam a necessidade do atendimento.
Casos de uso do monitoramento remoto
Como é sabido, pacientes com doenças crônicas necessitam de um monitoramento constante de suas condições, dependendo do diagnóstico. Como não existe uma cura definitiva para estas enfermidades, o acompanhamento é essencial para a normalização de sintomas e do quadro geral dos indivíduos, garantindo uma boa qualidade de vida e evitando futuros agravantes da situação.
Alguns dos casos de usos mais comuns para pacientes crônicos são:
- Hipertensão;
- Diabetes;
- Doenças mentais degenerativas;
- Depressão;
- Obesidade;
- Doenças cardiovasculares;
- Doença pulmonar obstrutiva crônica;
- Entre outras.
A título de exemplo, pacientes com hipertensão necessitam controlar os índices de pressão sanguínea para evitar que o coração fique sobrecarregado e venha a sofrer um infarto do miocárdio. Já pacientes com diabetes devem manter o índice de glicose do sangue normalizado a fim de evitar problemas renais.
Ou seja, são doenças que requerem acompanhamento para evitar que situações mais graves ocorram – e o monitoramento remoto é a solução para evitar o pior cenário.
Benefícios do monitoramento remoto
Os benefícios do monitoramento remoto se estendem para os pacientes e para as organizações de saúde.
A tecnologia surge como uma forma de remodelar o conceito tradicional de atendimento reativo e mecânico para uma assistência contínua, preditiva e humanizada. O paciente tem mais autonomia e entendimento sobre suas condições, e a equipe médica detém mais informações e tempo de qualidade para focar na saúde do paciente em sua totalidade.
Não é sem motivos que o RPM tem sido cada vez mais adotado em todo o mundo, especialmente após a pandemia.
Para se ter uma ideia, em 2014, muito antes do coronavírus aparecer, resultados positivos já transpareciam com a sua aplicação. A operadora de saúde norte-americana Geisinger Health Plan (GHP) realizou um estudo para monitorar remotamente 541 pacientes maiores de 65 anos e que apresentavam problemas cardíacos. Em um mês foi registrada uma diminuição de 44% na admissão hospitalar recorrente, estabilizando-se em 38% depois de 90 dias de monitoramento.
Além diminuição da pressão sobre os serviços de saúde, há outros benefícios:
- Programas completos de atendimento: mais que prescrições de medicamentos, o atendimento remoto é capaz de promover uma relação médico-paciente mais profunda, tratando de questões como alimentação, estilo de vida saudável e diminuição do estresse.
- Adesão ao tratamento: com o monitoramento baseado em dados e maior empoderamento dos pacientes, a adesão aos tratamentos tende a ser maior.
- Atendimento em saúde responsivo: o atendimento passa a ter início com a primeira notificação de mudança dos indicadores que estão sendo monitorados, não sendo necessário esperar a chegada do indivíduo no pronto-socorro.
- Escalabilidade de atendimento: ao evitar o deslocamento desnecessário tanto de profissionais como de pacientes, a capacidade de atendimento é ampliada, tornando-se também mais acessível.
Decidindo pelo monitoramento remoto
Depois de esclarecido como funciona, os principais casos de uso e os benefícios do monitoramento remoto, o que os líderes do setor precisam saber antes de planejar a implementação de tecnologias de monitoramento remoto de pacientes?
Consideramos quatro pontos fundamentais:
1. Decida o que vai monitorar remotamente
Entenda quais são as necessidades da organização e quais indicadores são mais relevantes para serem monitorados. Basear-se nos históricos de atendimento e verificar quais são os casos mais recorrentes pode orientar nesse sentido.
Avaliar quais são as principais necessidades dos pacientes, o que trará mais valor e produtividade para a equipe e qual a percepção do paciente em relação ao modelo são perguntas que também precisam ser respondidas no processo de decisão.
Considerar o nível de tecnologia, de sistemas a equipamentos como wearables também influenciará o processo de decisão.
2. Escolha uma ferramenta de mercado ou uma ferramenta customizada
Nem sempre uma ferramenta de mercado é a melhor opção, como nem sempre a ferramenta personalizada tem implementação rápida. Mas a decisão sobre qual adotar é um passo importante para começar a jornada do atendimento remoto.
Portanto, após verificar o que vai monitorar, entenda se um produto do mercado será capaz de atender suas necessidades ou se haverá particularidades que só uma ferramenta personalizada pode atender.
A personalização possui algumas vantagens, como por exemplo, a flexibilidade para se integrar a sistemas legados. Essa característica já não se aplica a todos os sistemas genéricos – ficando o ponto de atenção a respeito.
Além do mais, sistemas personalizados são adaptáveis às mudanças que podem ocorrer no processo, não ocorrendo sobras ou falta de funcionalidades. O sistema se adapta às demandas e não o contrário.
Leia mais: Software de prateleira ou personalizado?
3. Faça um MPV
No caso de optar pelo desenvolvimento de uma ferramenta proprietária para o monitoramento remoto, o MPV é crucial para aumentar as chances de sucesso. Você pode desenvolvê-lo com mais rapidez e eficácia com a lean inception – alinhando o entendimento das áreas de negócio a técnicas sobre um produto em seus aspectos mais fundamentais, desde o início do projeto.
Com a definição clara do escopo mínimo do produto, a visão das funcionalidades, time adequado e, especialmente, o budget disponível, validar a ferramenta com as áreas hospitalares será mais fácil.
4. Decida se desenvolverá um programa de monitoramento remoto internamente ou com fornecedor
Na decisão sobre quem vai desenvolver a solução para monitoramento remoto contam fatores desde a existência de uma TI no serviço de saúde e sua estrutura, capacidade de contratação de equipe e desenvolvedores até orçamento para o MVP e sustentação.
Setores iminentemente tecnológicos, mas que ainda não têm a tecnologia no seu core normalmente tem dificuldades em todos esses pontos.
Nesse caso, é fundamental colocar lado a lado a possibilidade de ter uma consultoria que faz o assessment das tecnologias utilizadas a fim de entender a melhor solução, reúne líderes para fazer uma lean inception e, depois, constrói a solução em uma fábrica de software – como a Supero -, com a possibilidade de criar tudo isso internamente.
Leia mais: Fábrica de software é a solução para o seu projeto?
Monitoramento remoto: todos os olhos voltados para ele
O monitoramento remoto está cada vez mais tecnologicamente viável, cada vez mais aceito pelos pacientes e cada vez mais bem-visto pelas organizações de saúde, dados os inúmeros benefícios para ambos. Como vimos, isso tem levado os serviços de saúde a buscar soluções personalizadas e de mercado.
A decisão por uma ou outra, como vimos, passa por diversas fases, que precisam ser cuidadosamente planejadas.
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