Relação de confiança fraca com CIO pode ser gerada por fatores organizacionais e pelo estilo de liderança. Reconheça os sinais
Qual a relação de confiança entre você, como CIO, e seus liderados? Se você não se importa com essa questão, deveria, pois os impactos podem ser enormes em produtividade, satisfação, lealdade e até custos.
Colocado de maneira simples, o papel de um CIO é gerenciar a estrutura tecnológica interna da organização para que ela se mantenha resiliente e relevante, o que envolve sustentação de sistemas legados, estratégia de data science, qualidade de dados, compliance com regulações como LGPD, estratégia cloud etc.
Embora formulado dessa maneira pareça relativamente simples, no dia a dia, para o CIO conseguir, mais do que a sustentabilidade, a transformação da organização, ele precisa estar bem equipado daquele já conhecido roll de skills necessárias para articular processos e ferramentas, mas também pessoas, isto é, seu time às estratégias da organização.
Com efeito, o resultado do trabalho de um CIO – como de qualquer líder – não é produzido por ele apenas, mas composto da soma do trabalho de sua equipe, a qual esperamos que seja sempre maior do que a simples adição de um número de atividades, mas de qualidade.
Já passamos por inúmeras organizações e sabemos que o seu time sempre será diferente de todos os outros, mas os times bem-sucedidos têm uma coisa em comum em todos os lugares: a maioria de seus membros mantêm uma forte relação de confiança com seu líder.
E nesse quesito, a desconfiança impera: pesquisa da Oracle mostra que 78% dos brasileiros confiariam mais nos robôs do que em seus líderes. Pesquisa da Gallup vai no mesmo sentido: só 3 de 10 colaboradores confiam em seus líderes.
E, se você se interessa em saber se o seu time confia em sua liderança, cabe ficar atento ao que revelam esses números e observar os seguintes sinais de que a relação de confiança se transformou em desconfiança.
9 sinais de que a relação de confiança com os liderados está fraca
1. Liderados resistem a suas iniciativas
Enquanto você acha que está levando um desafio para engajar a equipe, esta responde com resistência.
Nem todas as iniciativas do CIO vão contar com a aquiescência imediata da equipe, óbvio. Mas, quando existe uma relação de confiança com o líder, digamos que elas sempre vão contar com o benefício da dúvida, que na prática significa: sua ideia pode receber objeções – e certamente você espera por isso –, mas o simples fato de estar sendo considerada criticamente demonstra todo o seu valor para a equipe.
No caso de relações de confiança quebradas, o líder não contará nem com isso. A equipe demonstrará clara falta de interesse, possivelmente levantará reclamações e agirá impulsionada pela autoridade do chefe, simplesmente, e não pela convicção da visão do líder.
2. Equipe não presta a atenção em você
Outro sinal de que a relação de confiança acabou é quando membros da equipe sequer se dão ao trabalho de escutar atentamente ao líder, porque a falta de uma relação de confiança os conduz a uma apatia.
E então, mais do que dispersão, a equipe sequer reagirá à fala da liderança, mantendo-se em uma silenciosa indiferença e cabeça baixa.
No dia a dia a equipe se restringirá a fazer seu trabalho e seguir sua rotina, sem aquele nível de entusiasmo e de motivação para melhoria contínua e com uma linguagem corporal que revela o relaxamento de quem não se sente envolvido nas iniciativas.
3. Pedem opinião ou orientação para outros líderes
Não há problema em pedir orientação ou validação de orientação da liderança a líderes ou membros de outros times, pois esse benchmarking é uma forma até de consolidar a confiança nas próprias iniciativas.
Porém, fazer isso pelas costas e manter-se em silêncio, por exemplo, ou entrar em um modo de indiferença pode ser um sinal de que a relação de confiança com o líder foi por água abaixo.
4. Não expressam suas opiniões nem dão feedback
Você dá feedback – principalmente negativo – para pessoas com que não tem uma relação de confiança? Dificilmente.
Membros de um time podem evitar expressar o que pensam ou reter informações de que dispõem por medo de serem punidos de alguma forma – principalmente indiretas – por se contraporem à liderança; mas também podem abaixar a cabeça ao status quo por pensarem que sua informação não é relevante ou sequer será considerada; ou ainda por receio de causar tensões desnecessárias.
Em todos os casos, esse tipo de comportamento é um sinal de que a relação de confiança com a liderança foi quebrada e que o time já está operando no modo de sobrevivência.
5. Fofocas começam a surgir no ambiente
Por outro lado, se os membros do time não expressam suas opiniões ou levam suas informações e feedbacks à liderança, a necessidade de se comunicar pode levá-los a uma atitude humana bem comum para desestressar: a fofoca.
Conversas paralelas, formação de panelinhas, são o caso típico de atitude que não convém ao trabalho em equipe, porque pautada na desconfiança de dizer o que tem que ser dito cara a cara.
6. Baixa performance e poucas ideias
Um ambiente de baixa confiança na liderança acaba impactando diretamente na performance.
Se desconfiam da liderança, podem pensar que ela não lhes dará o crédito por seus méritos ou até poderá tomá-los para si. Se o colaborador tem esse receio, mesmo que tenha boas ideias, não falará o que pensa e nem renderá o que pode.
Assim, o time fica estagnado, resignado a suas tarefas de dia a dia.
7. Adotam a atitude do não-é-meu-trabalho
Esse o tipo de reação é bem familiar em times com baixo nível de confiança na liderança, sobretudo quando uma iniciativa não produz os efeitos esperados.
Quando os colaboradores transferem responsabilidades, ou melhor, pepinos para os outros com a desculpa de que não era a função deles, é mais um sinal de que lhes falta a confiança e o encorajamento de reconhecer falhas e para, coletivamente, fazer desse limão uma limonada.
8. Dão sinais explícitos de desrespeito
É normal que os ânimos esquentem de vez em quando, mas não é normal quando uma fala se transforma em desrespeito, sarcasmo ou falta total de paciência. Isso é sinal de que a liderança perdeu completamente a confiança dos liderados.
Esse é um abiente altamente tóxico para todos os envolvidos.
9. Alta taxa de demissões
Os motivos pelos quais as pessoas deixam uma empresa podem ser bem variados, mas em que medida os colaboradores estão abandonando não a empresa, mas seu CIO?
Um sinal de que isso está acontecendo é se a taxa de turn over do seu setor for bem maior que a dos outros. E falta de uma relação de confiança tem, normalmente, tudo a ver com isso.
Relatório da CareerAudit mostra que a má liderança foi citada por 79% dos participantes como o motivo pelo qual eles pediriam demissão, conquistando o quinto lugar numa lista em que foi precedida por falta de evolução, salário baixo, impossibilidade de viajar e mudanças de objetivos na carreira.
Como restaurar a relação de confiança com os liderados
A primeira maneira de restaurar a relação de confiança com liderados é reconhecer esses sinais da maneira correta, o que nem sempre é simples. Afinal, em ambientes de pouca confiança as pessoas costumam baixar a cabeça e não fazer críticas. Nas aparências, portanto, sempre parece que está tudo bem.
Não espere que essa revelação venha dos próprios liderados, e nem se ressinta por isso. Vá às causas, que podem estar relacionadas a questões de estrutura organizacional – como muitos líderes, falta de planejamento e de metas claras – mas também ligadas à sua própria liderança – autoritarismo, microgerenciamento, falta de empatia, falta de confiança na equipe etc.
A confiança é uma via de mão dupla. Mas o exemplo da liderança pesa muito para que ela exista dentro da organização. Rever-se como líder – honestamente –, analisando o quanto desses comportamentos são reproduzidos na sua liderança e modificando-os, sempre será uma boa demonstração de interesse. Traduza a vontade de mudança em ações como busca por mentorias e desenvolvimento em liderança, gestão de pessoas, escuta ativa e comunicação.
Com o time, auxilie os colaboradores a expressar as opiniões e sobre como bem expressá-las. Para tal, reestruture as operações, aderindo a ferramentas que incrementem a transparência e motivem a abertura e a comunicação como o Lean Thinking e o Kanban, ações que ajudem a construir autoconhecimento sobre o time como o VSM e o gemba, estruturas menos hierárquicas como squads e até reuniões para mostrar os resultados tangíveis que o time está alcançando como a sprints reviews do Scrum.
Mais que isso, crie relacionamento com a equipe. Para isso, aprofunde os diálogos, demonstre interesse pela evolução e crescimento do colaborador, aprenda a ler os sinais que ele dá, converse um a um com frequência, alinhe suas práticas ao seu discurso demonstrando consistência e, principalmente, crie reciprocidade. Afinal, líderes ou liderados, somos ainda pessoas.
Relação de confiança líder e liderados: sem segredos
Nenhum líder gosta de saber que sua relação de confiança com a equipe está comprometida, mas isso pode acontecer. Como vimos, a falta de confiança no líder se manifesta de variadas formas, das quais vimos nove.
Reconhecê-las não será fácil, sobretudo se o time conseguir manter um fachada de que está tudo bem.
Certamente, ler esses sinais por si só requererá uma atitude de comprometimento da liderança com seus liderados e com a organização, o que já é mostra de que é possível reverter esse quadro.
Vimos, por fim, como algumas ferramentas das metodologias ágeis podem ajudar. Para implementá-las, você pode contar com o apoio da consultoria Lean Digital da Supero. Para tirar todas as suas dúvidas, fale com um dos nossos consultores.